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Política

Mães e especialistas debatem políticas públicas para pessoas com deficiência

Encontro aconteceu na Câmara dos Vereadores de Campo Grande, na manhã desta sexta-feira

Natália Olliver | 23/06/2023 14:13
Pais cobraram o poder público sobre assistência as pessoas com deficiência, na saúde e educação (Foto: -Izaias-Medeiros).
Pais cobraram o poder público sobre assistência as pessoas com deficiência, na saúde e educação (Foto: -Izaias-Medeiros).

Mães e especialistas se reuniram, na manhã desta sexta-feira (23), para debater políticas públicas para o atendimento de crianças e adolescentes com deficiência na educação e saúde municipal. O debate foi convocado pela Comissão permanente de Política e Direitos das Mulheres, de Cidadania e Direitos Humanos. O encontro aconteceu na Câmara dos Vereadores.

Entre os vários depoimentos, assuntos como assistência financeira, melhorias na educação e cumprimento de leis já existentes que amparam as pessoas com deficiência foram temas levantados.

Maria de Souza Ferreira, coordenadora do Clube de Mães da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), pediu mais atenção do poder público à renda das famílias, principalmente das mães solos de pessoas com deficiência.

“O que você faria se recebesse um salário mínimo? A maioria dos homens vão embora quando descobrem que tem um filho especial na casa. O que essa mulher que não pode trabalhar faz com um salário mínimo? A maioria tem que pagar aluguel, água, luz. Tem que comprar medicação, pois a prefeitura não dá. Isso é desumano. É falta de amor. A força de uma mãe que tem um filho especial é grandiosa”, disse.

Mirella Ballatore, presidente da AMDEFMS (Associação de Mulheres com Deficiência de Mato Grosso do Sul), cobrou justamente mais fiscalização na aplicação das leis já existentes.

“Por que as políticas públicas não chegam a nós? Elas devem sair do papel. Não precisamos reinventar a roda. Não precisamos de mais leis, precisamos de efetividade. Temos visto um retrocesso enorme. Essa audiência é muito importante, mas temos que sair daqui com soluções”.

SaúdeMães também alertaram sobre a falta de remédios na rede municipal para atender o público. Joelma Belo cobrou uma posição dos representantes presentes.

“Minha filha é portadora de uma síndrome rara, que atinge, principalmente, a parte intestinal. Ela faz uso de dois leites que são essenciais. Há muito tempo ele não é fornecido pelo Município e pelo Estado. O que me faz chorar são os pareceres que eles dão. Ela está sem pegar fralda desde janeiro. Consigo comprar, pois faço bazares, brechó, vendo minhas coisas, coloco minha filha na cintura e vou à luta. Não sou uma mãe encostada”, disse.

Andreia Silva, representante da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), garantiu que a pasta tem atuado para aperfeiçoar o atendimento às pessoas com deficiência. “Temos um grupo no qual temos articulado, junto à Semed [Secretaria Municipal de Educação]. Entendemos a dificuldade. Só quem sente para poder falar", pontuou.

O superintendente do Ministério da Saúde em Mato Grosso do Sul, Ronaldo Costa, ressaltou que é preciso cumprir as leis já existentes e que o município tem a obrigação de planejar a rede de assistência.

“Não precisamos de mais leis. Precisamos cumprir as que já existem. Se o município não se prepara para uma situação como essa, é um projeto político de não assistir essas pessoas”.

Quem também se pronunciou foi a subsecretária de Estado de Políticas Públicas para as Pessoas com Deficiência, Telma Nantes de Matos. A titular da pasta reafirmou o compromisso do governo em apoiar as garantias dos direitos das pessoas com deficiência.

“Temos legislações, mas precisamos eliminar as barreiras. Precisamos fortalecer a rede de atendimento a essas pessoas. Estamos caminhando e dialogando sobre isso. É uma luta árdua e contínua”, disse.

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