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Capital

Família de morto após perseguição questiona versão de furto

Para a policia, Rogério invadiu uma casa. Ele morreu ao ser preso por cerca de 20 moradores nesta segunda-feira (9)

Geisy Garnes | 09/06/2020 21:06
Rua Pedro Celestino, próximo ao Ginásio, em Terenos, município com pouco mais de 15 mil habitantes (Foto: Street View)
Rua Pedro Celestino, próximo ao Ginásio, em Terenos, município com pouco mais de 15 mil habitantes (Foto: Street View)

A morte de Rogério Nunes dos Santos, de 38 anos, foi um choque para a família. Não apenas pelo crime, mas por ver o nome do rapaz vinculado a tentativa de furto a uma residência de Terenos – cidade a 25 quilômetros de Campo Grande. Ele morreu após ser imobilizado por cerca de 20 moradores nesta segunda-feira (9).

Rogério estava em Terenos há quase um ano e, segundo a família, produzia os pães vendidos pela mulher no quiosque de uma praça da cidade. Ontem, ele saiu de casa no início da tarde e não voltou mais. Depois de várias ligações, foi um policial que atendeu a chamada da família. “Pediu para esposa dele reconhecer o corpo”, relata Roberto Nunes dos Santos, irmão do rapaz.

A partir daí, começou a luta para entender o que de fato havia acontecido. As perguntas continuam sem resposta, afirma Roberto, mas a certeza é da inocência do irmão. “Não sabemos o que realmente aconteceu, mas tenho quase certeza que meu irmão foi assassinado. O que eu acredito, que todos nós acreditamos, é que ele, passando mal, foi pedir socorro e foi confundido”.

No dia 5 de junho Rogério havia procurado unidade reclamando de dores abdominais. Na data ele foi diagnosticado com quadro de gastrite.

Segundo Roberto, o irmão também sofria de problemas na coluna, por isso a versão em que ele pula um muro alto é “irreal”. Relatou também que Rogério nunca se envolveu com crimes e não teria motivo para invadir uma casa. “Ele era padeiro e criava pintinhos em casa”, lembrou. O que assusta também, afirma, é a quantidade de pessoas que o imobilizaram. “Vinte pessoas para conter uma?”, questiona.

“Vocês podem olhar, o celular que encontraram com ele, é dele mesmo. Tem minhas ligações lá”, reforçou Roberto. Por acreditar que Rogério foi morto por engano, a família se pergunta também se a cor da pele foi fator determinante para essa “confusão”.

Na polícia – A versão apresentada no boletim de ocorrência consta que a Polícia Militar foi acionada para atender uma ocorrência de furto e quando chegou ao local encontrou o possível autor correndo para os fundos da residência.

A equipe policial fez buscas no imóvel e não encontrou ninguém, porém verificou que a casa ao lado estava com alarme disparado e com a cerca elétrica rompida. Novas buscas foram feitas pela região, mas o suspeito não foi localizado.

Ao retornarem à residência para pegar os dados da vítima e das testemunhas, encontram Rogério contido por cerca de 20 moradores, deitado de bruços com as mãos para trás. Ele foi algemado e quando os policiais tentaram levantá-lo perceberam que estava desmaiado. O homem foi levado para o posto de saúde, onde já deu entrada morto.

Para o Campo Grande News, o delegado Antenor Batista da Silva Júnior, responsável pela investigação do caso, afirmou que todos os procedimentos para esclarecer a situação estão sendo adotados. A perícia foi ao local e identificou a tentativa de furto, testemunhas que reconheceram Rogério como autor do crime foram ouvidas e o corpo foi enviado ao IMOL (Instituto Médico e Odontológico Legal) para determinar a causa da morte.

Em análise preliminar, não foram encontradas lesões no corpo da vítima e a principal suspeita é que ela tenha morrido em decorrência ao choque que levou na tentativa de romper a cerca elétrica da casa invadida. O delegado também afirmou que Rogério possui passagens pela polícia e que justamente pela morte ter ocorrido em uma ação policial, todos os procedimentos de apuração estão sendo adotados.

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