Família pede justiça após rapaz carbonizado ser enterrado como indigente
Irmã recebeu confirmação da identidade da vítima dia 21 de junho, mas corpo foi retirado do Imol 2 horas antes
Depois de 3 meses do último contato, a família de Jhonatan de Souza recebeu a confirmação de que o corpo encontrado dentro de um carro carbonizado no Jardim Los Angeles era do homem de 32 anos. No entanto, ao chegarem no Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) tiveram uma nova surpresa, a vítima há havia sido enterrada como indigente no mesmo dia que o resultado do DNA saiu.
Ao Campo Grande News, Janayna de Souza, 30 anos, contou que no dia 13 de março deste ano foi a última vez que a família viu Jhonatan com vida. No dia seguinte, a mãe dele recebeu uma mensagem de que ele precisava falar com ele e desde então não conseguiram mais contato.
“Minha mãe ligou, mandou mensagem, mas não tinha resposta. No domingo de Páscoa eu decidi ir no endereço que ele deu no Bairro Jardim Noroeste, perguntei para várias pessoas se elas tinham visto ele, mas ninguém sabia dizer nada. Eu senti que não queriam falar”, disse a irmã de Jhonatan.
Sem notícias e desesperada para encontrar o irmão, Janayna passou a fazer parte do grupo de mensagens do bairro onde ele morava e postou uma foto de Jhonatan pedindo ajuda para encontrá-lo. Na noite de 16 de marca ela recebeu uma ligação anônima dizendo que o corpo encontrado na manhã daquele dia era do homem desparecido.
“Fiz o boletim de ocorrência e no dia 1º de abril levei minha mãe para coletar material para o DNA. Agora dia 21 de junho, às 11h40 a delegacia me avisou que o resultado tinha saído e infelizmente confirmava que o corpo era dele. Me pediram para esperar um pouco que iam encaminhar o ofício para ser entregue em mãos no Imol e quando foi 14h24 me disseram que podia ir fazer a liberação do corpo”, explicou Janayna.
No entanto, ao chegar no Imol, Janayna descobriu que o irmão já havia sido sepultado como indigente, mesmo com o resultado do exame.
“A pessoa que me atendeu disse que o perito responsável estava afastado e ia ver se o plantonista poderia assinar e liberar o corpo. Momentos depois ela voltou e disse que por volta das 10h a funerária tinha feito a retirada e ele foi enterrado como indigente por volta das 14h no cemitério Santo Amaro”, contou a irmã de Jhonatan.
À reportagem ela afirma ainda que quando chegou no local viu o documento encaminhado pela DHPP (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios e Proteção à Pessoa), em cima de uma mesa e, parecia que ninguém havia sequer olhado do que se tratava.
“Eu falei que a DHPP tinha entrado em contato com a gente e ai que foram ver o documento. Fomos no cemitério e disseram que temos que esperar cinco anos para a exumação. Entregaram uma certidão de óbito sem nome. O que fizeram é desumano. Como enterram um corpo que esperava resultado de exame assim?”, questiona Janayna.
“Não podemos esperar cinco anos. Não fomos nós que erramos. Mostrei para eles o documento. Enterraram como se ele não tivesse família, como se fosse um animal. Queremos dar um enterro decente para ele. Agora querem que a gente entre com recurso. Ele não é indigente, tem família e filhos”, finalizou a irmã de Jhonatan.
O homem faria aniversário no dia 18 de junho, data em que o filho mais velho completou 6 anos. Atualmente Jhonatan morava sozinho e mantinha pouco contato com a família e, por isso, não sabem se ele estava tento problemas com alguém.
Outro lado – Questionada a Coordenadoria Geral de Perícias informou que cadáveres sem identificação e não reclamados por familiares, são destinados ao sepultamento após 60 dias que estão no Imol. No caso de Jhonatan, o exame e os procedimentos de coleta de materiais para coleta de identificação aconteceram no dia 16 de março e, após o prazo de dois meses, iniciaram o processo para o enterro.
“O corpo foi liberado para o serviço de traslado às 09h40 do dia 21 de junho de 2024. Em que pese o respeito a todo rito protocolar legal, informamos que esta Coordenadoria determinará a abertura de procedimento administrativo para buscar esclarecimentos e circunstâncias do fato”, pontuou o órgão em nota.
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