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Capital

Famílias de mortos por erro médico questionam protocolos de segurança

Filipe Prado | 30/07/2015 19:23
Marta criticou a quebra dos protocolos de segurança (Foto: Marcos Ermínio)
Marta criticou a quebra dos protocolos de segurança (Foto: Marcos Ermínio)

“Isso não teria acontecido se o hospital tivesse seguido os protocolos de segurança”, apontou Marta Insfrain Bernard, irmã de Carmen Insfran Bernard, 48, morta no ano passado durante tratamento de oncologia na Santa Casa. A troca de medicamentos foi apontada pelo polícia como causa da morte, além de várias irregularidades no setor.

Ela criticou a contratação de um profissional, sem experiência, para a manipulação das bolsas de medicamentos, usandos no tratamento. “Eles deveriam ter contratado um profissional capacitado para a função”, comentou.

Na terceira semana de trabalho, o farmacêutico Rafael Castro Fernandes, mesmo sem a prática, manipulava as bolsas sem a supervisão de outro farmacêutico experiente, o que causou a revolta das famílias.

Marta cobrou uma maior fiscalização nas ações dos funcionários do hospital. “Eles deveriam anotar o lote, os milímetros, para que o hospital pudesse rastrear as ações depois”, finalizou.

Inquérito - As investigações constataram que um erro – a troca de medicamentos, o metotrexato pelo Fluoroucil (5-FU) – causou as mortes das pacientes Carmen Insfran Bernard, 48 anos, Norotilde Araújo Greco, 72, e Maria Glória Guimarães, 61, em julho do ano passado. A quarta vítima, Margarida Isabel de Oliveira, 70, morreu em 27 de janeiro deste ano, sete meses após a troca.

Conforme a titular da Deco (Delegacia Especializada no Combate ao Crime Organizado), delegada Ana Cláudia Medina, o médico foi indiciado por homicídio doloso e lesões graves. Além dele, quatro pessoas foram responsabilizadas pelos crimes. Eles podem ser condenados a pena de até 96 anos de reclusão.

O farmacêutico Rafael Castro Fernandes não tinha experiência e foi responsável pela troca dos remédios durante a manipulação. Ele vai responder por homicídio culposo por cada uma das mortes e pode ser condenado, por cada crime, a pena de 6 a 12 anos de reclusão. Pelo mesmo crime foi indiciado o médico Henrique Eses Ascenço, que era o responsável técnico pela clínica.

A farmacêutica Rita de Cássia Junqueira Godin foi indiciada por falsidade ideológica, porque registrava a manipulação dos medicamentos no período da tarde, apesar da mistura acontecer de manhã.

A enfermeira Geovana Carvalha Penteado, que chegou a realizar a manipulação dos produtos, foi indiciada por exercício irregular da profissão.

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