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Capital

Fazendeira diz que 83 anos de história estão sendo "ocupados" por índios

Luciana Brazil | 13/09/2012 18:33
Fazenda campina, ocupada por índios guarani-kaiowá, em Paranhos. (Fotos: Rodrigo Pazinato)
Fazenda campina, ocupada por índios guarani-kaiowá, em Paranhos. (Fotos: Rodrigo Pazinato)

“Eles quebraram tudo, mataram as galinhas e os porcos, cortaram os pneus dos tratores, arrancaram as baterias dos tratores, esculhabaram tudo”. O relato é de Virgilina Pereira Lopes, 83 anos, dona da fazenda Campina, na região de Paranhos, na fronteira com o Paraguai, ocupada há mais de um mês pelos índios guarani-kaiowás.

Viúva, Virgilina afirma que chegou na região em 1962 e frisa com veemência que não havia índios nas terras. Anos depois de muito trabalho, o sentimento é de impotência diante da situação, como afirma ela, certa das palavras.

“Não é fácil, não. O que a gente vai fazer? Trabalhamos muito, cuidamos de tudo e agora não podemos fazer nada”, criticou.

Das 200 cabeças de gado da fazenda, ela diz que 30 já foram mortas pelos índios. “Eles (índio) vão matando e comendo. Com as galinhas e os porcos também foi assim. As 20 sacas de sal que tínhamos, eles rasgaram todas, jogaram o sal fora e usaram as sacas para fazer barraca”.

No dia seguinte, após a ocupação, a Força Nacional esteve na fazenda, mas de acordo com o relato dos proprietários, a presença da polícia teria apenas fortificado “a invasão”, já que os índios permanecem na propriedade.

Um parente de Virgilina, que preferiu não se identificar, criticou a maneira como é feita a demarcação das terras, que segundo ele, são realizadas informalmente. “Não foi feito um estudo sobre a terra. O índio chegou lá e foi dizendo que aquilo era dele e pronto. Não é assim”.

Na fazenda, além do gado, Virgilina planta milho e mandioca, cultivados para criação dos animais e que muitas vezes também já foram vendidos.

A propriedade, que tem mais de 300 hectares, foi ocupada pelos índios pela primeira vez em 1999, mas a agressividade indígena foi bem maior, como contou a fazendeira. “Eles agrediram o meu marido, me bateram no rosto, quase quebrei a cabeça”.

Segundo o neto da proprietária, que também preferiu ter a identidade preservada, à época da primeira ocupação, a família entrou com pedido de indenização contra o Governo Federal, mas até hoje nada foi solucionado. “Nós queríamos que eles nos pagassem a terra, mesmo que fosse um pouco menos do valor e nós iríamos embora, mas não fizeram nada”.

“Estamos nos sentindo ameaçados. Para mim eles querem roubar, não querem terra, não”, disse Virgilina.

Os familiares da viúva dizem também que os índios estão munidos com rifles espingardas. “Eles estão com armamentos pesados, mas as pessoas acham que não”, disse o neto da fazendeira.

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