"Federalzinha" vai seguir rigor da "Supermáxima" e cortar privilégio de presos
Equipe de reportagem conheceu parte interna do presídio, que possui 110 celas e muros reforçados
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"Aqui, o preso cumpre a pena mesmo", brada um policial penal, enquanto o interior do novo presídio da Gameleira era mostrado à reportagem. "Parece aqueles cenários que a gente vê em filme", comenta a repórter durante a visita, conhecendo setor por setor da unidade inaugurada hoje (19), em Campo Grande.
Construída ao lado da chamada "Supermáxima", na região da Gameleira, saída para Sidrolândia, o prédio que recebeu investimento de R$ 18,5 milhões vai abrigar 603 presos, é a segunda unidade do local e já tem até apelido: Federalzinha, como se fosse uma versão mais simples dos presídios federais.
O rigor já conhecido na Supermáxima - alvo de reclamações de advogados e presos, inclusive, com greve de fome - deve se repetir na Federalzinha, que conta com 110 celas, em geral, com capacidade para seis internos.
Porém, ali também há celas especiais para presos mais perigosos, com capacidade única. O isolamento é condizente às regras que ali devem imperar. Quem ali cumprir pena, não irá almoçar, nem jantar em refeitório. A comida vai chegar na cela por marmita todos os dias, religiosamente, prometem os servidores.
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Contato entre os presos, apenas se estiverem na mesma cela ou no mesmo grupo do banho de sol, com duração de duas horas - regra semelhante a outra unidade a poucos quilômetros dali, o Presídio Federal de Campo Grande.
"Todos os que forem presos na cidade, agora, vem para cá", conta outro policial penal, avisando antes, que o contato entre eles e os presos, também será menor do que ocorre nos presídios mais antigos de Mato Grosso do Sul.
A muralha, última barreira entre a reclusão e a liberdade, conta com espaço para passagem de quem estiver fazendo a segurança se deslocar, sem precisar passar pelo pátio. Ali, ao invés de policiais militares, ficarão os próprios policiais penais, que somarão 52 homens, quando de serviço, em alerta.
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Até mesmo a visita íntima, ainda não é uma certeza na unidade. Apesar do espaço para tal ter sido construído, tudo ainda depende da liberação da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), que estuda a viabilidade dessa "regalia" para quem estiver ali cumprindo pena.
O presídio deve ser ocupado pelos presos gradativamente, conforme forem ocorrendo novas condenações. Além de todo aparato já citado, muros de 15 centímetros de concreto usinado que dificultam perfurações e escavações foram implantadas ali, isolando também o sinal de celular dentro da unidade.
Tudo isso foi inaugurado nessa tarde, com a presença do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres. O local tem capacidade para 603 presos, mas cabem ainda mais. Contudo, uma margem de 10% foi deixada para facilitar manejo em caso de ocupação máxima alcançada.
A nova penitenciária conta também com módulo de saúde, educação, trabalho, salas de atendimentos de advogados, biblioteca, setores administrativos, de assistência psicossocial e áreas de visita, entre outros espaços.