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Capital

"Federalzinha" vai seguir rigor da "Supermáxima" e cortar privilégio de presos

Equipe de reportagem conheceu parte interna do presídio, que possui 110 celas e muros reforçados

Nyelder Rodrigues e Gabriela Couto | 19/08/2021 19:07
Policiais penais serão responsáveis também pela segurança nas muralhas do novo presídio. (Foto: Paulo Francis)
Policiais penais serão responsáveis também pela segurança nas muralhas do novo presídio. (Foto: Paulo Francis)

"Aqui, o preso cumpre a pena mesmo", brada um policial penal, enquanto o interior do novo presídio da Gameleira era mostrado à reportagem. "Parece aqueles cenários que a gente vê em filme", comenta a repórter durante a visita, conhecendo setor por setor da unidade inaugurada hoje (19), em Campo Grande.

Construída ao lado da chamada "Supermáxima", na região da Gameleira, saída para Sidrolândia, o prédio que recebeu investimento de R$ 18,5 milhões vai abrigar 603 presos, é a segunda unidade do local e já tem até apelido: Federalzinha, como se fosse uma versão mais simples dos presídios federais.

O rigor já conhecido na Supermáxima - alvo de reclamações de advogados e presos, inclusive, com greve de fome - deve se repetir na Federalzinha, que conta com 110 celas, em geral, com capacidade para seis internos.

Porém, ali também há celas especiais para presos mais perigosos, com capacidade única. O isolamento é condizente às regras que ali devem imperar. Quem ali cumprir pena, não irá almoçar, nem jantar em refeitório. A comida vai chegar na cela por marmita todos os dias, religiosamente, prometem os servidores.

Emaranhado de grades, dá início a acesso ao corredor, onde ficarão os internos da unidade II da Gameleira. (Foto: Paulo Francis)
Emaranhado de grades, dá início a acesso ao corredor, onde ficarão os internos da unidade II da Gameleira. (Foto: Paulo Francis)

Contato entre os presos, apenas se estiverem na mesma cela ou no mesmo grupo do banho de sol, com duração de duas horas - regra semelhante a outra unidade a poucos quilômetros dali, o Presídio Federal de Campo Grande.

"Todos os que forem presos na cidade, agora, vem para cá", conta outro policial penal, avisando antes, que o contato entre eles e os presos, também será menor do que ocorre nos presídios mais antigos de Mato Grosso do Sul.

A muralha, última barreira entre a reclusão e a liberdade, conta com espaço para passagem de quem estiver fazendo a segurança se deslocar, sem precisar passar pelo pátio. Ali, ao invés de policiais militares, ficarão os próprios policiais penais, que somarão 52 homens, quando de serviço, em alerta.

Hoje vazio, corredor deve, em breve, ser ocupado pelos seus novos "moradores", cumprindo suas penas. (Foto: Paulo Francis)
Hoje vazio, corredor deve, em breve, ser ocupado pelos seus novos "moradores", cumprindo suas penas. (Foto: Paulo Francis)

Até mesmo a visita íntima, ainda não é uma certeza na unidade. Apesar do espaço para tal ter sido construído, tudo ainda depende da liberação da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), que estuda a viabilidade dessa "regalia" para quem estiver ali cumprindo pena.

O presídio deve ser ocupado pelos presos gradativamente, conforme forem ocorrendo novas condenações. Além de todo aparato já citado, muros de 15 centímetros de concreto usinado que dificultam perfurações e escavações foram implantadas ali, isolando também o sinal de celular dentro da unidade.

Tudo isso foi inaugurado nessa tarde, com a presença do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres. O local tem capacidade para 603 presos, mas cabem ainda mais. Contudo, uma margem de 10% foi deixada para facilitar manejo em caso de ocupação máxima alcançada.

A nova penitenciária conta também com módulo de saúde, educação, trabalho, salas de atendimentos de advogados, biblioteca, setores administrativos, de assistência psicossocial e áreas de visita, entre outros espaços.

Espaço reservado para as curtas convivências que os detentos poderão ter no local durante o banho de sol. (Foto: Paulo Francis)
Espaço reservado para as curtas convivências que os detentos poderão ter no local durante o banho de sol. (Foto: Paulo Francis)
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