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Capital

“Fofoca de vila”, diz réu ao negar que estava em local de assassinato

Homem ainda acusou outro rapaz pelo crime e disse que provavelmente estava dormindo quando aconteceu

Mirian Machado e Bruna Marques | 12/11/2021 11:03
Durante julgamento, Daniel negou que matou Jean em bar. (Foto: Marcos Maluf)
Durante julgamento, Daniel negou que matou Jean em bar. (Foto: Marcos Maluf)

Daniel Alves Moreira, de 36 anos, negou que matou Jean Freitas Santos Moraes a tiros em abril de 2016, durante depoimento no Tribunal do Júri, nesta sexta-feira (12) em Campo Grande. Ao juiz , Aluizio Pereira dos Santos, da 2ª Vara, ele afirmou ainda que nem conhece a vítima e não estava no local na data e hora do crime.

O réu, preso por outro crime, tem passagens por tentativa de homicídio, roubo, ameaça, lesão corporal, violência doméstica, disparo de arma de fogo e porte de arma de fogo. Sobre os crimes, disse que não sabia da acusação de roubo. A ameaça acredita ser da ex-esposa durante separação.

Antes de ser preso, trabalhava como vendedor de lingerie. Natural de São Paulo (SP), veio para Campo Grande em 2001 e, desde então, mora no Bairro Pioneiros, porém só conhecia a vítima de vista. “Não tinha amizade, não conversava”, disse.

Durante o relato, foi questionado, pois testemunhas afirmaram o terem visto atirando contra a Jean, mas o Daniel rebateu dizendo que não conhece ninguém. “O senhor sabe como é fofoca de Vila”, respondeu.

Contou ainda que há realmente um bar próximo a casa dele, porém nunca frequentou o local e que na data e hora em que o crime ocorreu, devia estar dormindo, pois trabalhava.

“Não é verdade que atirei nele. Todo mundo sabia que quem atirou no Jean foi o Murilo, do Bairro Aero Rancho, pelos comentários, toda a vila sabe que foi ele. Não sei nem porque estou sendo acusado”, relatou ao juiz.

Daniel contou que não sabe o nome completo de Murilo e que só o conhece da vila, mas não são amigos. Questionado sobre o porquê de mesmo sabendo quem era o assassino, nunca contou à polícia, ele então respondeu que temia pela vida. “Quando descobri que havia comentários de que o assassino era eu, logo em seguida, mudou para o Murilo. Não contei, porque não posso afirmar que é ele. Ele é um rapaz perigoso, muito temido lá na vila, fiquei com medo”, justificou.

Assassinato - O crime aconteceu no dia 13 de abril de 2016, em um bar no Bairro Universitário. Daniel atirou em Jean logo após perguntar “quem era o bravo” para os clientes do estabelecimento. Segundo a denúncia do Ministério Público, o autor dos disparos procurava outra pessoa e atirou na vítima sem qualquer motivo aparente.

Um dos tiros atingiu o pescoço de Jean, a gravidade do ferimento o deixou paraplégico e acamado. Foram meses de tratamento médico. Pouco mais de um ano depois, ele morreu em decorrência das complicações em seu estado de saúde.

Prisão - Daniel aguardava o júri em liberdade e em 5 de maio de 2021, a defesa dele entrou com pedido para que o julgamento (do dia 7 de maio) fosse adiado, por suspeita de contaminação por covid-19, mas o juiz entendeu que não houve comprovação da contaminação e manteve o júri.

Jurados, juiz, promotor de justiça e o próprio réu compareceram ao plenário do Tribunal do Júri. A defesa, no entanto, não foi. Minutos antes do horário marcado, o advogado enviou um novo pedido para cancelamento do júri.

No documento, Tiago Alves da Silva afirmou estar com forte cólica renal, o que impedia a prática da defesa no júri. Diante da situação, o juiz foi obrigado a cancelar a sessão. Antes de dispensar o réu, foi feita a verificação do nome dele no SIGO (Sistema Integrado de Gestão Operacional) e descoberto um mandado de prisão em aberto.

Apesar de não ter sido julgado no dia, o réu acabou preso e levado do fórum direto para a delegacia. A ordem de prisão é de 2021, mas o processo está em sigilo e, por isso, não foi divulgado o motivo para a detenção.

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