Força-tarefa retira montanha de lixo de sobrado que virou "minicracolândia"
Imóvel é usado por pessoas em situação de rua e usuários de drogas há pelo menos 5 anos
A estreita Travessa Novo Rumo, na Vila Nhanhá, ficou intransitável esta manhã pela montanha de lixo retirada do sobrado abandonado, que serve de abrigo para pessoas em situação de rua e usuários de drogas. Pilhas de papel, marmitas, resto de móveis, sapatos, roupas velhas e fezes – humanas e de animais - foram encontrados pela força-tarefa da prefeitura, trabalho realizado após denúncia de moradores, incomodados com a constante sujeira, as brigas e os furtos da fiação.
A “minicracolândia” foi mostrada em reportagem do Campo Grande News há pouco mais de um ano, evidenciando problema social e as consequências para a vizinhança.
Hoje, por volta das 8h, equipes da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), formada por 24 funcionários e mais 15 servidores da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) fizeram a limpeza do imóvel, com apoio da GCM (Guarda Civil Metropolitana).
O forte odor obrigou a equipe e quem estivesse no entorno a utilizar máscaras de proteção.
Mário Márcio Oliva, chefe de serviço do controle de leishmaniose e chagas da Coordenadoria de Endemias Vetoriais da Sesau, diz que a proprietária do sobrado morreu e o imóvel ainda não passou por inventário, por isso, ainda sem destinação definitiva.
Os herdeiros também não resolveram a pendência burocrática e alguns já teriam morrido também. Segundo Oliva, já houve tentativa de demolição, mas foi impedida por medida judicial de advogado da família.
O trabalhou se estendeu por mais de 2h. Duas patrolas foram deslocadas para auxiliar na retirada da pilha de lixo que se formou na rua. Foram necessários dois caminhões caçamba para o transporte. Os moradores do sobrado foram para casa vizinha, também abandonada e usada por eles como abrigo.
O aposentado Francisco Soares, 81 anos, vizinho do sobrado, não se mostrou entusiasmado com a iniciativa. “Amanhã tá todo mundo aí de novo”, disse. “Eles estavam falando ainda agora isso: ‘estão limpando para gente voltar mais tarde’”, contou, frustrado.
Soares diz que o sobrado está abandonado há mais tempo, cerca de cinco anos e já teve alguns embates com usuários e até os proibiu de usa droga na calçada de casa. “É uma bagunça”, reclamou. “Além de passar vergonha, de morar aqui, a gente fica desmoralizado”, diz, referindo-se à limpeza que faz no quintal, para evitar proliferação do Aedes aegipty, mas que os vizinhos da “minicracolândia” não colaboram.
Em maio de 2023, o Campo Grande News já havia mostrado a situação do imóvel. Em janeiro do ano anterior, imagens do Google mostravam que o sobrado já era abrigo e que havia até uma placa com regras de conduta para os moradores. “Proibido zua a rua” e “respeita a vizinhança”.
A limpeza terminou por volta das 10h30.
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