Gaeco denuncia Jamil Name e mais 5 por apreensão de arsenal
Promotores fizeram "emenda" em ação que já corria desde maio, quando o ex-guarda Marcelo Rios foi preso com armas
A apreensão de arsenal considerada estopim da Operação Omertá, deflagrada para por fim a grupo de extermínio em Campo Grande, gerou a terceira denúncia derivada da ação, realizada no dia 27 de setembro, contra 23 pessoas, entre elas os empresários Jamil Name, 80 anos, e Jamil Name Filho, 42 anos.
Já denunciados pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) como líderes da organização criminosa e responsáveis por tentativa de obstrução de justiça, pai e filho também foram alvos de outra peça acusatória.
Foram incluídos na ação em trâmite contra o ex-guarda civil municipal Marcelo Rios, 42 anos, com quem estavam armas apreendidas em maio deste ano, em imóvel da família Name, cujo destino era o grupo criminoso, conforme as apurações.
Jamil Name também foi denunciado, em outro processo aberto em razão de prisão em flagrante por porte e posse ilegal de arma, contabilizando as três denúncias a partir da Omertá.
Na acusação mais recente, em que Marcelo Rios já era réu, foram inclusos Jamil Name e Jamilzinho, o policial civil Márcio Cavalcanti da Silva, 63 anos, o policial aposentado Vladenilson Daniel Olmedo, 60 anos e, ainda, o guarda civil municipal Rafael Antunes Vieira, 29 anos.
Conforme a denúncia assinada pelos quatro promotores Tiago Di Giulio Freire, Gerson Eduardo de Araujo, Marcos Roberto Dietz e Thalys Franklyn de Souza, “na condição de líderes desse grupo de extermínio, Jamil Name (comumente tratado por terceiros como “Velho”) e Jamil Name Filho, vulgo “Jamilzinho e ou “Guri”, custeavam todas as atividades do grupo, fornecendo o material necessário às execuções, a exemplo de armas, munições, veículos, imóveis, dinheiro e até mesmo proteção”.
O texto prossegue afirmando que, “ao seu turno, o acusado Marcelo Rios, assim como os ora denunciados Rafael Antunes Vieira, Vladenilson Daniel Olmedo (Vlad), 60 anos, e Márcio Cavalcante da Silva (Márcio Corno), atendiam as ordens de seus patrões Jamil Name e Jamil Name Filho, “dentre as quais a de transportar e manter a custódia do armamento de guerra destinado ao cometimento de crimes, em especial de homicídios.”
Acusação – Usando provas já citadas tanto no pedido de prisão e busca e apreensão quanto na denúncia por organização criminosa e obstrução da Justiça, o Gaeco afirma que os crimes estão comprovados não só pela apreensão do arsenal mas também por todo o material colhido, entre eles mais de 800 escutas, além de acompanhamento da movimentação dos investigados.
Há, ainda, o depoimento-chave da mulher de Marcelo Rios, hoje sobre proteção policial, em que ela confirma ter visto as armas dentro de um veículo Uno usado pelo ex-servidor público, que era produto de roubo em Varzea Grande (MT) e teve os dados adulterados, inclusive a placa, por Marcelo Rios.
Por causa desse veículo, que os investigadores suspeitam ter sido usado também para execuções atribuídas ao grupo, Marcelo Rios e Jamil Name Filho são incluídos em mais crimes do que a os outros alvos dessa acusação.
Contra Rios, a denúncia já em andamento é de descumprimento das regras do Estatuto do Desarmamento e de adulteração de chassi.
Jamilzinho, além desses dois crimes, foi enquadrado, junto com os outros quatro denunciados, em três artigos da Lei do Estatuto do Desarmamento, que pune o porte, a posse e o armazenamento de armas sem autorização legal. Para os agentes públicos, a punição pode ser maior, segundo estabelece a medida legal.
Para os guardas e policiais envolvidos, todos já afastados de seus cargos, o Gaeco também solicita a perda da função pública. Com essa ação, dos 23 envolvidos na Omertà, 13 já estão denunciados em algum tipo de crime. Ainda estão de foram, por exemplo, os dois homens considerados a última ponta da organização criminosa, os pistoleiros, identificados como os ex-guardas civis Juanil Miranda Lima e José Moreira Freires.
Desde que a investigação foi colocada nas ruas, o Gaeco não se manifestou à imprensa, resumindo suas “falas” ao que está escrito nos processos. As defesas de Jamil Name e Jamil Name Filho negam os crimes e dizem que as relações deles com as pessoas envolvidas eram apenas de patrão e funcionários que, no caso dos agentes públicos, faziam bicos.
A defesa do ex-guarda Marcelo Rios, hoje na penitenciária federal de Campo Grande, pediu a absolvição dele no processo em andamento, mas agora deve ser chamada a apresentar novas alegações. A denúncia ainda precisa ser apreciada pelo juiz responsável, Roberto Ferreira Filho, que vai decidir se acata ou não as acusações do Gaeco.