Gerente de imunização depõe à polícia sobre vacinação em gabinete
A gerente técnica do Serviço de Imunização da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Cássia Tiemi Kanoaka, presta depoimento desde às 8 horas desta terça-feira (14) na 1ª Delegacia de Polícia de Campo Grande. Ela foi intimada na quinta-feira passada, diante da denúncia de imunização em massa contra o vírus H1N1, causador da gripe, que teria ocorrido dia 18 de maio no gabinete do prefeito, Alcides Bernal (PP).
A denúncia, feita pelo jornalista Carlos Roberto Pereira, dá conta de que Cássia teria facilitado a vacinação de 35 pessoas, entre integrantes do alto escalão, com o próprio prefeito e secretários, além de assessores, dois vereadores e familiares.
Cássia chegou à delegacia acompanhada de uma amiga, que a aguarda na antessala. No período da tarde, a polícia vai ouvir a assessora do prefeito, Márcia Scherer, que também integra a lista.
Denúncia – A denúncia de crime de peculato foi registrada no dia 3 de junho. O jornalista alega ter provas e apresenta uma lista com 35 nomes de pessoas que teriam sido imunizadas no gabinete dia 18 de maio. Ele conta que no mesmo dia tentou imunizar a sobrinha, de 22 anos, que está em tratamento contra o câncer e por isso se enquadra no grupo prioritário, mas recebeu informação de que não haveria mais vacina na rede pública de saúde.
Carlos também acionou os ministérios público Estadual e Federal. O caso também é investigado na CPI (Comissão Parlamentar de Investigação) da Câmara de Vereadores, que apura o sumiço de vacinas.
O inquérito para apurar a denúncia foi instaurado dia 07 de junho, quando Carlos prestou novo depoimento à polícia.
Sem fundamentos - Ao Campo Grande News, a prefeitura alegou que Carlos “tem motivação política, inclusive esteve na Câmara Municipal fazendo denúncias contra o prefeito sem nenhuma comprovação”. A Prefeitura diz que não há fundamentos para a denúncia e aponta “onda de boatos sobre sumiço de vacinas” lembrando que foi instaurada sindicância pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) para apurar o caso.
Recentemente, a reportagem mostrou a vacinação de grupos não prioritários, falha apontada inclusive pelo governo estadual como responsável pela falta da doses para que todos que integram o grupo de risco fossem imunizados.
A Sesau não explicou onde estão pelo menos três mil doses, diferença entre o volume repassado pela SES (Secretaria de Estado de Saúde) e a cobertura vacinal.