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Capital

Grávida, servidora acusada de envolvimento em fraudes no Detran vai para casa

Após apresentar atestado de gravidez, prisão preventiva foi substituída por domiciliar com monitoramento

Por Anahi Zurutuza | 21/08/2024 16:34
Yasmin Osório Cabral, 31, alvo de três delegacias, durante depoimento dado à Deam, em março (Foto: Vídeo do interrogatório/Reprodução)
Yasmin Osório Cabral, 31, alvo de três delegacias, durante depoimento dado à Deam, em março (Foto: Vídeo do interrogatório/Reprodução)

Grávida, a servidora afastada do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito) de Mato Grosso do Sul, acusada de envolvimento em esquema de fraudes, poderá ir para casa. A Justiça decidiu converter a prisão preventiva (por tempo indeterminado) em domiciliar, com monitoramento eletrônico, após a defesa de Yasmin Osório Cabral apresentar atestado de gravidez.

Antes de ter a decisão favorável, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) pediu que novo exame fosse apresentado, uma vez que havia “dúvidas sobre a autenticidade do teste de gravidez”. A Justiça também determinou que a direção do Instituto Penal Feminino Irmã Zorzi encaminhasse documentos referentes ao atendimento médico prestado a Yasmin, “em tese, gestante”, na unidade.

O Campo Grande News apurou, embora o caso tramite em sigilo, que a decisão é recente e ainda não havia sido cumprida na tarde desta quarta-feira (21). Yasmin, portanto, permanecia no presídio até o fechamento deste texto.

Esquema no Detran – A servidora é acusada de fazer parte de esquema ilegal para a liberação de veículos com restrições no Detran-MS. Ela foi presa pelo Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) no dia 6 de junho.

As fraudes foram descobertas após denúncia de servidor que notou irregularidades em 29 liberações administrativas de veículos no sistema do Detran. As baixas ocorreram em duas datas: em 9 de fevereiro de 2024 e 15 de fevereiro de 2024. Todas foram associadas ao uso de login e senha dele, sendo que o funcionário não estava no órgão ou realizou as ações nesses dias.

Além disso, as liberações divergiam do padrão adotado pelo servidor, limitando-se a frases genéricas como "OK VISTORIA" para pôr fim às restrições. Com as suspeitas, foi instaurada uma investigação interna que chegou ao computador usado para fazer 27 liberações indevidas no dia 15 de fevereiro. Era a máquina da servidora comissionada.

Yasmin havia pedido ajuda ao colega para realizar uma consulta no sistema e acabou utilizando o login e senha dele, que ficaram logados no computador. Foi identificado que um dia antes da fraude (14 de fevereiro), os documentos dos veículos foram baixados por despachantes: 25 veículos por David Cloky Hoffmam Chita, além de Hudson Romero Sanches e Edilson Cunha, que pertenciam ao mesmo escritório do primeiro.

No dia seguinte, David e Hudson tentaram acessar novamente os documentos veiculares, sugerindo uma conexão entre os despachantes e as baixas indevidas.

Conforme relatório da investigação policial, David, apontado como líder do esquema, mantinha um relacionamento amoroso extraconjugal e pagava Yasmin pelos serviços prestados. Ela recebeu um iPhone 15 Pro Max entregue em uma cesta dentro do Detran-MS, joias, eletrônicos como ar-condicionado e televisão, além de valores em dinheiro via Pix. A investigação corre em sigilo e David está foragido.

De vítima a investigada – Em 2024, Yasmin passou de vítima a investigada. No dia 19 de fevereiro, procurou a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) para denunciar o chefe, um delegado que atuava na Cotran (Corregedoria de Trânsito), por assédio. Um dia antes, havia registro boletim de ocorrência do roubo de um celular.

Para a Polícia Civil, ambas as denúncias são falsas. Yasmin inventou o assalto para não ter de entregar o aparelho à Deam, que investigava o crime sexual. As acusações contra o delegado seriam, por sua vez, cortina de fumaça para que a servidora se livrasse da responsabilidade por participação em esquema de fraude, revelado em investigação do Dracco.

Em maio, ela foi indiciada por falsa comunicação de crime pela Derf (Delegacia Especializada em Roubos e Furtos), delegacia mobilizada para apurar a autoria do roubo. A Deam faria o mesmo, conforme matéria publicada pelo Campo Grande News no dia 12 de junho. Todos os casos, porém, tramitam em sigilo, tanto no âmbito policial quanto na Justiça.

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