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Capital

Greve na UFMS atinge maioria dos cursos e divide opinião dos alunos

Flávia Lima | 15/06/2015 12:07
Pela manhã, corredores do CCHS, em Campo Grande ficaram praticamente vazios. (Foto:Marcos Ermínio)
Pela manhã, corredores do CCHS, em Campo Grande ficaram praticamente vazios. (Foto:Marcos Ermínio)

O primeiro dia da greve dos professores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) levou poucos alunos ao campus de Campo Grande. No CCHS (Centro de Ciências Humanas e Sociais), que concentra a maior parte dos cursos da universidade, o movimento foi tranquilo durante toda a manhã desta segunda-feira (15). Nos cursos de Humanas, transitavam pelos corredores, apenas estudantes que tinham provas ou entrega de trabalhos agendados.

Já nos cursos de Exatas a adesão foi mínima e as aulas aconteceram normalmente. No curso de Física, segundo o acadêmico Igor Schineider, na quarta-feira haverá uma reunião entre alunos e professores para decidir sobre uma possível paralisação.

O estudante do 3º ano de Engenharia Civil, Gabriel Souza Garcia conta que apenas alguns professores do curso aderiram. Ele reconhece a falta de estrutura das universidades federais e vê a legitimidade do movimento, mas se preocupa com a situação dos estudantes que estão no último ano. Ele revela que um amigo, selecionado para o programa Ciências sem Fronteiras, não conseguirá concluir o semestre e terá que terminar as matérias no exterior. “Dos 12 meses, seis serão perdidos apenas recuperando o que não poderá ser visto aqui”, diz.

O colega André da Silva, acadêmico de Artes Visuais, também ressalta que para os alunos que vieram de outros estados, a greve gera prejuízos financeiros. “Eles não podem voltar para casa porque alguns professores não aderiram e acabam gastando um dinheiro que poderia ser economizado”, diz.

As acadêmicas do 3º ano de Farmácia, Joyce dos Santos, Thais Dantas e Katiane Almeida também concordam com a precariedade da maioria dos cursos, principalmente dos que utilizam laboratórios, no entanto elas acreditam que deveria haver outro tipo de manifestação para conseguir as melhorias. “Talvez passeatas fossem melhores, assim não haveria perda das aulas”, diz Joyce.

No curso de Farmácia as aulas prosseguem normalmente, mas as amigas revelam a dificuldade de cursar algumas disciplinas que utilizam material químico. “Já tivemos que trabalhar com reagente vencido”, diz
Para elas, a movimentação surtirá pouco efeito e afirmam que os docentes do curso optaram em continuar trabalhando para não prejudicar o encerramento do semestre.

Adesão – Por ser o primeiro dia de paralisação, o presidente da Adufms (Associação dos Docentes da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), José Carlos da Silva, ainda não é possível fazer um balanço do movimento, mas afirma que a adesão está sendo melhor do que a da última campanha salarial, em 2012. Segundo ele, os campi de Naviraí, Paranaiba, Corumbá, Aquidauana e Três Lagoas aderiram quase que em sua totalidade. Em Naviraí a adesão foi total nos dois cursos de Pedagogia e Ciências Sociais. Em Paranaiba estão parados os cursos de Matemática e Psicologia.

Durante a semana o comando de greve vai realizar assembleias e visitas aos cursos que ainda não aderiram na tentativa de convencer os demais professores. “Queremos sensibilizá-los sobre o momento que a universidade atravessa. Houve uma troca de prioridades do governo federal e não há o investimento prometido em Educação”, ressalta.

Reuniões com representantes estudantis também estão previstas. “No último movimento, foram os próprios alunos que convenceram os professores indecisos. Inclusive, no curso de Arquitetura o apoio é grande devido a falta de estrutura. Tem até aluno querendo fazer greve”, afirma José Carlos.

HU - Já no HU (Hospital Universitário), de acordo com Adílson da Costa Oliveira, um dos membros do comando de greve, pelo menos 50 leitos já foram fechados desde a semana passada devido a greve dos técnicos da UFMS, que começou no final de maio. A expectativa é de que a adesão ultrapasse os 50% essa semana com a paralisação dos docentes. “Os professores que atendem no HU também farão escala especial”, explica Adilson.

O fechamento dos leitos está obrigando as secretarias de saúde do Estado e município a fazerem um remanejamento, buscando vagas para internações em outros hospitais. As cirurgias eletivas também serão remarcadas.

As principais reivindicações dos técnicos são reposição salarial de 27,3%, redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais sem diminuição de salário, suspensão dos cortes orçamentos das instituições de ensino, fim da terceirização e melhoria de outros benefícios, como auxílio-alimentação.

Os docentes também pedem o mesmo índice de reajuste, além de melhores condições de trabalho, maior investimento nos cursos e reestruturação da carreira.

Comando de greve se reuniu nesta segunda-feira para traçar atividades. (Foto:Marcos Ermínio)
Comando de greve se reuniu nesta segunda-feira para traçar atividades. (Foto:Marcos Ermínio)
Acadêmicas de Farmácia reconhecem precariedade de cursos, mas acreditam que paralisação prejudica. (Foto:Marcos Ermínio)
Acadêmicas de Farmácia reconhecem precariedade de cursos, mas acreditam que paralisação prejudica. (Foto:Marcos Ermínio)
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