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Capital

Guarda municipal suspeito de espancar ex-namorada é preso

Contra o servidor público havia um mandando de prisão preventiva em aberto; ele foi preso na casa que morava

Bruna Marques e Mariely Barros | 30/06/2023 08:08
Vítima mostra lesões no rosto após ser agredida pelo ex. (Foto: Direto das Ruas) 
Vítima mostra lesões no rosto após ser agredida pelo ex. (Foto: Direto das Ruas)

O guarda civil metropolitano Valci Picon, 51 anos, suspeito de espancar a ex-namorada no meio da rua, foi preso nesta quinta-feira (29), no Bairro Los Angeles, em Campo Grande. O servidor foi afastado de suas funções preventivamente, por 60 dias.

Contra o servidor público havia um mandando de prisão preventiva em aberto. Ele foi preso por volta das 21h, na casa onde mora. O guarda não aceitava o fim do relacionamento com a vítima e passou a ameaçá-la.

Vídeo gravado por vizinhos da vítima mostra a mulher sendo agredida no meio da rua. O caso está sob investigação da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).

Quando a denúncia chegou até o Campo Grande News, a reportagem entrou em contato com Valci por telefone. Ele disse que iria falar, mas antes conversaria com o advogado e depois não atendeu mais as ligações, nem entrou em contato. Nesta sexta-feira (30), o advogado que responde pelo sindicato dos guardas municipais foi procurado e informou que não tem conhecimento da prisão do servidor e que é responsável somente pelo processo administrativo disciplinar que ele responderá na corporação.

“Como assessor jurídico do sindicato, nós promovemos a defesa dos servidores em matéria disciplinar administrativa, em relação aos fatos que são apurados desses procedimentos da corregedoria, da guarda municipal. Fatos que são apurados em outras esferas e que sejam pertinentes a vida privada dos servidores, nós podemos ou não atuar, a depender de tratativas com o assistido. A minha competência vai até o limite dessa esfera de atuação, voltada aos procedimentos disciplinares”, explicou Márcio Almeida.

Anderson Ortigoza, comandante da guarda municipal estava na Deam na manhã desta sexta-feira (30), e revelou que o servidor foi preso assim que o mandado de prisão foi expedido.

“Ele foi preso no começo noite, assim que saiu o mandado desempenhamos uma equipe para fazer o cumprimento. Ele foi preso por agressão a partir da materialidade do vídeo. Não resistiu e foi bem passivo, foi apresentado e agora está sendo ouvido".

Segundo o comandante, o guarda estava de férias na época em que agrediu a ex-namorada e pode perder o cargo. "No momento da agressão eles estavam de férias, ainda está e o afastamento começa quando ele se apresentar. Já tinha contra ele um boletim de ocorrência de agressão, em uma segunda ocasião ela chegou a vim na Deam para registrar uma queixa contra ele, mas foi embora antes de ser ouvida. Se no final do processo administrativo a comissão entender que ele extrapolou o limite ele pode sim perder o cargo”, afirmou.

Agressões - Segundo a vítima, que terá o nome preservado pela reportagem, o relacionamento do casal durou apenas três meses. Eles se conheceram há cerca de dois anos, em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Capital, onde trabalhavam.

"Três meses de namoro, então vi que era muito ciumento. Eu não aguentava mais ele falar que eu o traía, que eu não ia trabalhar e eu também não podia cumprimentar ninguém. Foi então que decidi terminar, mas ele não me deixou ir e começou as agressões", conta.

Entre as crises de ciúmes que levaram ao término, a mulher afirma que o guarda "quebrava toda a casa" e até as peças de roupas íntimas dela, cheirava. "Mexia no meu celular quando eu não estava perto e apagou tudo que tinha de mensagem dele para o meu número. Já tinha me ameaçado, se eu terminasse me matava, mas eu não acreditei, porque era tão pouco tempo de namoro", lembra.

O Campo Grande News teve acesso a três boletins de ocorrência envolvendo o casal. No primeiro, registrado no dia 17 de maio deste ano, foi o próprio guarda que chamou a Polícia Militar. Quando a PM chegou, encontrou ambos feridos. O guarda relatou que havia se desentendido com a namorada e que ela teria puxado uma faca para ele.

Por outro lado, a mulher contou que foi agredida dentro do carro pelo guarda, que também puxou os cabelos dela. Questionado, o suspeito alegou que teria feito isso no intuito de que ela praticasse sexo oral nele. A mulher negou, na ocasião, ter puxado qualquer faca para o guarda.

Já no dia 10 de junho, há registro de outro boletim de ocorrência. Dessa vez, a mulher procurou a polícia dizendo que se sentiu ameaçada. Em outro registro, esta semana, ela procura a polícia mais uma vez com várias lesões no corpo.

De acordo com o boletim de ocorrência, a mulher conta que foi abordada por dois homens e agredida, no dia 24 de junho. Enquanto um ficou na moto, o outro a empurrou. Ela caiu de rosto no chão e ouviu que era "só um aviso", porque se prejudicasse o ex-namorado "era para se considerar morta". Na sequência, o rapaz desferiu chutes nas costas e cabeça da vítima.

A mulher contou que está com medo e não sai mais de casa. "Não aguento mais, não saio mais de casa, vivo trancada. Quero justiça", disse. Já há medida protetiva de urgência em vigor.

Afastamento – Conforme divulgado pelo Diogrande na quinta-feira (29), o servidor também responderá a PAD (Processo Administrativo Disciplinar). O “afastamento preventivo”, por 60 dias, foi determinado pelo secretário especial de Segurança e Defesa Social, Anderson Gonzaga da Silva Assis, “diante da gravidade dos fatos”.

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