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Capital

Há dois anos com dores crônicas, jovem aguarda por cirurgia que nunca acontece

Situação desespera mãe que precisou largar serviço para cuidar do filho, em Campo Grande

Natália Olliver | 13/09/2023 17:56
Adolescente espera por uma intervenção chamada mastoidectomia, em Campo Grande (Foto: Arquivo pessoal)
Adolescente espera por uma intervenção chamada mastoidectomia, em Campo Grande (Foto: Arquivo pessoal)

Ildebrando Clarindo dos Santos, de 14 anos, sofre com uma infecção no ouvido desde os 2 anos. Entretanto, o cenário que pode parecer “bobo”, se transformou em pesadelo quando a condição médica atacou o osso do crânio e se tornou em uma dor crônica. O menino precisa de uma cirurgia de intervenção chamada mastoidectomia, para minimizar as enxaquecas causadas pelo problema e evitar a piora.

O problema é que o equipamento utilizado nesta operação não está disponível pelo SUS (Sistema único de Saúde) e só é adquirido por meio de pedido judicial. Essa informação a mãe, Aieska Pozo dos Santos, de 35 anos, não possuía até esta quarta-feira (13).

Ao Campo Grande News ela revela que vive em um pingue-pongue com os hospitais, sem receber auxílio adequado. O filho foi transferido para o hospital São Julião e deveria realizar o procedimento. Porém, os profissionais alegam não ter o equipamento essencial para o sucesso da operação.

“Ele foi encaminhado duas vezes para o São Julião porque a cirurgia era de urgência. Ele está passando mal, tem dores de cabeça que chega a vomitar. Chego lá e dizem que precisa de um aparelho de monitoração para ver os nervos faciais, porque o procedimento tem risco de ficar com a face paralisada, mas lá não tem, na rede pública não tem. Aí joga pra rede pública e não acha. Mas a cirurgia está agendada para dia 9 de outubro”.

O hospital alegou que o adolescente precisava ser encaminhado à Santa Casa, mas segundo Aieska não havia o aparelho lá também. “Vou chegar lá e eles vão dizer que não vai fazer por falta do procedimento. Cada um joga pra um lado e não resolve nada. Entrei com pedido na defensoria hoje”.

Sentimento -  A preocupação da mãe foi tanta que ela precisou abandonar o serviço para cuidar do filho e correr atrás dos trâmites. “Eu trabalhava em um restaurante. O pior de tudo é não ter uma direção a seguir. Na ouvidoria pediram para eu ir pessoalmente lá, porque já não tem mais o que eles fazerem”.

Doença - O menino começou a sentir dor no ouvido aos dois anos de idade, fez acompanhamento com médico especialista, chegou a tomar vários antibióticos, mas a condição se agravou. Agora aos 14, Ildebrando sofre com a possibilidades de que a situação se agrave para uma infecção generalizada.

“Semana passada foi para o posto achando que era dengue mas é, é a infecção que ele está, porque não deu nada de dengue nos exames. Se chegar ao sangue ele pode morrer.”

Dores - Segundo a mãe, as dores de cabeça persistem por dois anos. A princípio, os médicos acharam que era enxaqueca, depois solicitaram tomografias e, em fevereiro deste ano, ele passou pela primeira consulta cirúrgica.

Respostas - Em resposta ao Campo Grande News, o hospital São Julião informou que de fato não possui estrutura física, nem técnica, para executar esse procedimento. Tampouco possuem a habilitação do SUS ou das secretarias de Saúde do estado ou do município para executar esse procedimento.

“O paciente Ildebrando Clarindo dos Santos foi atendido no São Julião para uma consulta. Na ocasião, foi indicada a necessidade de um procedimento cirúrgico, que não poderia ser realizado neste hospital, pelas razões aqui apresentadas. Por esse motivo, o paciente foi reconduzido ao sistema de regulação municipal, para que o Sisreg possa encaminhá-lo a um hospital que tenha condições de executar o procedimento.

A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou que o equipamento é adquirido apenas via pedido judicial e que não consta nenhum em nome do paciente, até o momento.

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