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Capital

Há quase 48 horas em UPA, bebê de um mês está sem transporte para hospital

A criança nem mesmo pôde passar por exame de raio-x porque o equipamento do posto está quebrado

Lucia Morel | 01/12/2022 18:30
Fachada da UPA do bairro Leblon, em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)
Fachada da UPA do bairro Leblon, em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)

Desde a noite da última terça-feira, 29 de novembro, a pequena Maria*, com apenas um mês de idade, espera transferência para a Santa Casa, mas a Prefeitura de Campo Grande não tem ambulância para fazer o transporte. Segundo a família da menina, há retenção de macas em hospitais e por isso, estão faltando viaturas do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

A avó da criança não quer ter o nome divulgado e nem que a criança seja identificada, e contou que a neta foi diagnosticada com bronquiolite, mas que nem mesmo pôde passar por exame de raio-x, porque o equipamento da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Leblon, onde ela está “internada”, está quebrado.

“Ela está no oxigênio. Minha nora teme que ela crie uma nova infecção, porque é muita gente na UPA”, comenta. A avó conta ainda que a nora ligou para o Samu solicitando o transporte, mas foi informada que as ambulâncias estão sem maca, que estão retidas nos hospitais. “Ela conseguiu a vaga, mas nem passou por raio-x porque o aparelho está quebrado”, lamentou. A equipe do posto de saúde também solicitou, mas até agora a criança não foi transferida.

Em nota, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou que apenas o Samu pode fazer esse transporte porque não há pactuação com o Corpo de Bombeiros para esse tipo de movimentação. A secretaria ainda comenta que devido à gravidade de saúde da bebê, a família não pode fazer esse transporte.

“Presume-se que pelo quadro de saúde, a paciente não tenha condições de ir por meios próprios para o hospital e deve ser transportada unicamente por viatura devidamente equipada e tripulada com profissionais de saúde capacitados para realizar as devidas intervenções em caso de piora ou agravamento do seu estado de saúde. Em casos de menor gravidade, o paciente pode ser liberado com senha para se dirigir por meios próprios ao hospital”.

A Sesau disse ainda que a pequena Maria* “encontra-se na fila com prioridade para atendimento do SAMU, mas por conta do alto volume de ocorrências e a recorrente retenção de macas pelos hospitais, a maior celeridade neste atendimento fica prejudicada”.

Entretanto, a secretaria afirma que o Samu “conta com seis macas extras, além dos equipamentos que são dispostos em cada viatura, não havendo, portanto, falta dos mesmos” e que a retenção de macas “infringe lei municipal sancionada em 2012 e também a resolução 2.110/2024 do Conselho Federal de Medicina (CFM), que proíbe tal prática, bem como a recusa no atendimento de pacientes graves”.

Por fim, a Sesau informou que o serviço atua com 12 viaturas e que recebe 20 mil ligações e realiza 4 mil atendimentos dos mais variados níveis de complexidade. “Cabe esclarecer que nos últimos cinco anos, o serviço teve 100% da sua frota renovada, saindo de três viaturas operacionais, ou seja, em atendimentos, para as atuais 12”.

Reforçou também que “está em fase de planejamento ainda a implementação de um serviço exclusivo de transporte inter-hospitalar, que ficará responsável somente fazer o transporte e transferência destes pacientes que hoje são atendidos pelo Samu”.

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