Infestação da dengue é alta em 53 bairros e epidemia é iminente em 10
Depois de enfrentar a maior epidemia de dengue da história, com 46 mil casos e 12 mortes, Campo Grande continua com o risco alto de repetir o feito neste verão. O LIRAa (Levantamento Rápido do Índice de Infestação do Aedes aegypti) mostra que 1,8% dos imóveis possuem focos do transmissor da doença, quase o dobro do percentual considerado ideal.
O levantamento mostra que a situação percentual é crítica em 53 bairros, sendo que 43 estão em alerta, com índice acima de 1%, e outros 10 em risco alto, com a taxa de infestação superior a 4%. Ou seja, o risco da epidemia, puxada pelos vírus tipo 4, se repetir é alto em 10 regiões da Capital.
O LIRAa de novembro mostra que a situação é grave nos bairros Rita Vieira, Itamaracá, Vilas Boas, Carlota, TV Morena, Albuquerque e Paulista, nas saídas para São Paulo e Três Lagoas; e Gunandi, Taquarussu e Jacy, na saída para Sidrolândia. Nestes bairros, o índice de infestação varia de 4% a 4,9%, quase cinco vezes acima do nível considerado satisfatório pelo Ministério da Saúde.
O temor de uma nova epidemia de dengue assustou os moradores das regiões com alto índice de infestação. A dona de casa Raquel Salustiano, 51 anos, moradora do Bairro Rita Vieira 3, onde a infestação atinge 4,9% dos imóveis, teme que a doença atinja a família, principalmente os seis netos.
Já a sua filha, Aline Salustiano, 23, que mora nas Moreninhas, pegou a dengue três vezes. Ela contou que só passou a tomar os cuidados, como evitar focos da doença e limpar o terreno, quando contraiu a dengue pela segunda vez.
No Bairro Itamaracá, onde o índice também é de 4,9%, a dona de casa Lucineide Gomes da Silva, 39, contou que limpa o terreno e destrói os focos da dengue na casa. No entanto, ela teme a doença porque os vizinhos não seguem o exemplo e existe muitos terrenos baldios tomados pelo lixo e mato. Ela teme pelos filhos gêmeos, de 6 anos, que podem contrair a dengue.
O jardineiro João Lopes de Castro, 64, trabalhava em uma casa cheia de entulho e com garrafas para cima, que podem servir de focos do Aedes aegypti. No entanto, ele disse que o local está normal, já que a vistoria da Secretaria Municipal de Saúde não encontrou nenhuma irregularidade.
Conforme o LIRAa, 77,47% dos focos foram encontrados em residências, 13,89% no comércio e 6,1% em terrenos baldios.
A dengue pode matar. Apesar de já ter registrado uma epidemia, Campo Grande pode enfrentar outra, mas do vírus tipo 4.