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Capital

Inscritos que não receberam casas da Emha invadem outro residencial

Alan Diógenes | 30/04/2015 07:00
Famílias alegam que antes da invasão existiam 42 apartamentos vazios. (Foto: Fernando Antunes)
Famílias alegam que antes da invasão existiam 42 apartamentos vazios. (Foto: Fernando Antunes)
Mães solteiras falaram que estão inscritas há mais de 13 anos na Emha. (Foto: Fernando Antunes)
Mães solteiras falaram que estão inscritas há mais de 13 anos na Emha. (Foto: Fernando Antunes)

Quinze famílias passam pela mesma situação de outras 70 que invadiram casas no Residencial José Maksoud, na região dos Bairros Moreninhas, em Campo Grande. Desta vez a invasão aconteceu no Residencial Zenóbio dos Santos, localizado na Rua Evelina Selinguardi, Bairro Lageado. Funcionários da Emha (Agência Municipal de Habitação de Campo Grande) também notificaram os invasores para deixar as residências.

A diferença que as famílias invasoras, maioria de mães solteiras, alegam ter cadastro há mais de 13 anos na Emha, sem ter onde morar com os filhos. É o caso da promotora de vendas Erica Rodrigues da Costa, 28 anos, que invadiu um dos apartamentos em fevereiro.

Segundo ela, a maioria das pessoas que recebem as chaves dos apartamentos em dezembro do ano passado, possuem condições financeiras para obter a casa própria. “Os apartamentos foram sorteados nesta época entre os inscritos como eu. Não fui sorteada, mas muitos que foram se recusaram a pegar as chaves porque os cômodos eram pequenos. Quem ganhou já tinha casa ou era dono de comércio”, explicou Erica.

A promotora de vendas ainda contou que os invasores ficaram sabendo que 42 apartamentos estavam vazios, por isso se mudaram. Mas, recentemente o síndico descobriu a invasão e acionou a Emha que foi notificar as famílias na quarta-feira (29) no período da manhã. “Fomos notificados de forma grosseira, as crianças ficaram assustadas quando disseram que iriam acionar a polícia se não saíssemos”, mencionou.

A empregada doméstica Catiuci Souza, 32, falou que procurou a Emha para regularizar a situação, mas não teve sucesso. “Várias vezes fui lá revogar essa ordem de despejo, mas não consegui. O funcionário que me atendeu foi o mesmo que veio na minha casa de forma grosseira me notificar para sair. Eu morava em uma favela, não tenho condições de pagar aluguel e não tenho para onde ir”, destacou.

Ana Paula afirmou que agência se recusa a ajudar pessoas carentes. (Foto: Fernando Antunes)
Ana Paula afirmou que agência se recusa a ajudar pessoas carentes. (Foto: Fernando Antunes)

A diarista Ana Paulo Garcia Leal, 26, afirmou que os três funcionários da Emha que fizeram a notificação ainda fizeram ameaças. “Eles disseram que iriam chamar o Conselho Tutelar para levar meus filhos. Ao invés deles ajudarem as pessoas carentes eles atrapalham a vida da gente. Somos mães solteiras e merecemos mais respeito”, comentou.

A dona de casa Tahis Teixeira Alvez, 20, compartilhou da mesma opinião. “Quero e preciso de uma casa porque sem ajuda do meu ex-companheiro não consigo cuidar da minha filha de 1 e 3 meses sem ter um lugar para morar”,justificou.

Conforme o diretor-presidente, Enéas José de Carvalho Netto, tempo de inscrição na Emha não é critério para as famílias terem a posse dos apartamentos. Ele informou ainda que a agência está estudando inabilitar os invasores a continuar inscritos no programa Minha Casa Minha Vida do Governo Federal em parceria com a Caixa Econômica Federal, que tem a responsabilidade de fazer a reintegração de posse.

"Nada justifica as pessoas invadir casas dos outros. Isso interfere no direito de mais de 50 mil inscritos regularmente. Infelizmente a demanda é cresce e existe uma burocracia para entregarmos as casas, questões de documentação, entre os fatores, que fazemos de tudo para resolver", finalizou Enéas.

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