Invasores dizem que foram chamados por moradores para 'nova favela'
Famílias chegaram neste fim de semana em área no sul de Campo Grande
Os próprios moradores da área no Vespasiano Martins, para onde foram levadas algumas das famílias realocadas da favela Cidade de Deus, passaram a informação de terrenos “sobrando” no local e sugeriram a invasão de outras pessoas que não foram contempladas. Ao todo, 10 famílias chegaram no local entre sábado (7) e domingo (8) e a Prefeitura de Campo Grande ainda não sabe quais providências serão tomadas.
Solteira e com cinco filhos com idade entre 1 e 15 anos, a faxineira Luana Maria, 30, morou por um ano na favela Cidade de Deus e acabou não sendo contemplada com um terreno. “Estava na varanda da casa de uma amiga. Me ligaram daqui dizendo que tinha terreno sobrando e ai resolvi vir”, disse a mulher que está erguendo sozinha um barraco com madeira e lona.
Ainda segundo a faxineira, caso a prefeitura a expulse de lá, outra área será invadida. “Não tenho para onde ir e nem dinheiro para pagar aluguel. Se me tirarem daqui terei que procurar outro lugar”, completou.
Já a dona de casa Joana Nogueira Holanda, 21, nem mesmo morava na favela Cidade de Deus e também foi orientada por pessoas do Vespasiano Martins que havia terrenos “ociosos”. “Estava em uma casa de aluguel, mas o dono já pediu de volta. Foi quando falaram que tinha terreno e falaram para a gente vir”, disse.
A recepção dos outros moradores, que chegaram na área em março, foi boa, conforme as famílias recém-chegadas. “Foi tranquilo. Estão até nos ajudando a erguer os barracos”, completou Joana.
Hoje pela manhã, uma equipe da prefeitura estava no local fazendo um levantamento de quantas famílias invadiram as áreas, mas ainda não há uma decisão das providências a serem tomadas. Os terrenos estão demarcadas e possuem padrões de energia elétrica e ligação de água, mas ninguém sabe quem seria contemplado por eles.
Todas as áreas para onde as famílias da Cidade de Deus foram transferidas possuem guardas municipais de plantão para manter a ordem no local e evitar invasões, mas para o comandante da corporação, Marcos Escanaichi, a ação ocorreu escondida e sem que os agentes percebessem.
“Existem dois tipos de efetivo, o fixo, que ficam cerca de quatro guardas em cada área, e as viaturas em ronda. Quando a invasão já está edificada, temos que acionar a prefeitura para notificar essas pessoas. Já quando há o flagrante da invasão, o guarda pode agir e impedir. Ainda estou esperando um relatório do que houve nesse fim de semana, mas entraram escondidos e pode ter ocorrido em uma troca de turno, por exemplo”, explicou o comandante.