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Capital

Sem dinheiro para aluguel e com filho no colo, famílias criam “nova favela”

Guilherme Henri | 08/05/2016 10:43
Rairo Hoffimester, 19 anos ajuda na construção das casas de quem recebeu lote e ao mesmo tempo constrói seu barraco na área invadida (Foto: Alcides Neto)
Rairo Hoffimester, 19 anos ajuda na construção das casas de quem recebeu lote e ao mesmo tempo constrói seu barraco na área invadida (Foto: Alcides Neto)

Com filhos no colo, sem emprego e sem dinheiro para pagar aluguel, cerca de 10 famílias invadiram uma área no bairro Vespasiano Martins e agora, constroem barracos para morar. O local foi loteado recentemente pela prefeitura de Campo Grande e recebeu ao menos 50 famílias que estavam na favela Cidade Deus.

Os que ficaram de fora e não foram beneficiados com terrenos, contam que tentaram se mudar para casas e pagar aluguel, mas se depararam com a falta de dinheiro. Sem alternativa, neste fim de semana, as famílias decidiram invadir a área do bairro.

Para o servente de pedreiro Rairo Hoffimester, 19 anos, a situação de precisar invadir uma área é degradante, mas como não conseguiu um lote como os que estão no bairro a saída foi voltar a dormir de baixo de uma lona. “Quando nos tiraram da Cidade de Deus eu não consegui nenhum lote pois entrei na categoria de solteiro. Fiquei um mês de aluguel no próprio bairro, porém não consegui pagar e tive que sair”, relata.

Moradores que estão regulares no local temem que a invasão os prejudique (Foto: Alcides Neto)
Moradores que estão regulares no local temem que a invasão os prejudique (Foto: Alcides Neto)

O drama do servente é compartilhado pela dona de casa Laida Maria Soares, 29 anos, que é mãe de cinco filhos e afirma que ficou desesperada com a ideia de dormir com os filhos ao relento. “Fiquei de casa em casa onde foram me cedendo um pedacinho em uma varanda por exemplo. Cheguei a pensar que teria que dormir com meus filhos na igreja do bairro, que nada mais é do que uma lona sustentada por quatro vigas e tem um banco”, desabafa a mulher, que também era moradora da Cidade de Deus, no entanto, não conseguiu lote por ter residido no local por apenas um ano.

Todos eles recebem ajuda de alguns moradores que mesmo recebendo um lote não ignoraram quem precisa de ajuda. “São pessoas de bem e que precisavam de um lugar para morar. A área estava vazia e só criando mato. Não vemos problemas nisso, na verdade é até bom que eles ocupem o local, pois aí o número de bichos diminuí”, disse uma moradora que preferiu ficar no anonimato.

Entretanto, não são todos os moradores que estão felizes com a construção de “uma nova favela”. Duas moradoras que, pediram para não terem o nome divulgado disseram que temem que eles acabem prejudicando que assim como elas, está regular no local. “Nem todos ali eram moradores da Cidade de Deus. Dos 10, só três eram moradores e ainda por cima tinham situações irregulares, como venda de barracos, o que os prejudicou na hora de receber um lote”, denunciam.

Mas, o tempo dessas famílias pode estar contado, pois de acordo com a assessoria de comunicação da prefeitura, uma equipe já foi na área invadida ontem (7) para fazer uma avaliação da situação e na segunda-feira (9) os procedimentos de retirar ou realocá-los devem ser tomados.

Crianças vivem em casas improvisadas por seus pais que não tem condições de pagarem aluguel (Foto: Alcides Neto)
Crianças vivem em casas improvisadas por seus pais que não tem condições de pagarem aluguel (Foto: Alcides Neto)
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