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Capital

Justiça manda Energisa substituir “gatos” por ligação regular em área invadida

Ângela Kempfer | 04/04/2020 10:35
No ano passado, a Energisa fez uma operação para acabar com as ligações candestinas no local. (Foto: Marina Pacheco/Arquivo)
No ano passado, a Energisa fez uma operação para acabar com as ligações candestinas no local. (Foto: Marina Pacheco/Arquivo)


As ligações clandestinas que, desde 2017, são risco em área invadida da extinta incorporadora Homex, devem ser substituídas pela Energisa imediatamente por rede regular. Ontem à noite (3), a Justiça determinou à empresa que providencie a estrutura que for necessária para o fornecimento de energia elétrica a cerca de 1.100 pessoas que vivem no local, no Jardim Centro-Oeste, em Campo Grande.

A decisão do juiz David de Oliveira Gomes Filho é resposta à ação civil pública proposta pela Defensoria Pública. Mas todos devem ser cadastrados como consumidores e ter incluídos nas faturas deles os custos da obra realizada, até que venha uma sentença no processo e esclareça definitivamente como ficará a situação.

A prefeitura de Campo Grande, mesmo não sendo parte no processo, entrou com petição na sexta-feira (3) alertando para o perigo, porque com a ordem de isolamento social, a população decidiu refazer “os gatos”.  "Estive lá para ver a necessidade de distribuição de alimentos e percebi a quantidade de ligações clandestinas em um só transformador. A ligação já era um pedido das famílias, que nunca se negaram a pagar", explica o prefeito Marquinhos Trad.

A situação teria gerado uma sobrecarga na rede, fazendo com que o sistema caísse na noite de quinta-feira, com algumas pequenas explosões, “que levaram pânico aos moradores, que passaram a retirar os fios terra de suas casas com medo de incêndios”, detalhou o juiz.

Ainda segundo o magistrado, a prefeitura também recebeu um documento da Energisa alertando para o risco e garantindo a disposição de entrar em acordo para revolver momentaneamente o problema.

Batalhão de choque participou de operação contra gatos em 2019. (Foto: Arquivo)
Batalhão de choque participou de operação contra gatos em 2019. (Foto: Arquivo)

Existe um pedido de reintegração de posse referente à área parado desde março de 2017, mas a Justiça considera que neste período de combate à pandemia, “não é possível cumprir qualquer mandado de reintegração de posse e nem é prudente orientá-los a sair de lá para outros locais, pois, como todos sabem, o país está se preparando para receber os reflexos da covid-19 e a permanência das pessoas nas suas casas é de fundamental importância para toda a sociedade.”

No entanto, o juiz esclarece que as famílias terão de responder pela irregularidade no futuro, assim como pagar pelas ligações feitas pela Energisa, porque não se pode impor definitivamente os custos desta obra a quem ainda discute de quem é o direito a ocupar a área. “Deverá a Energisa, ainda, fazer uma relação das unidades consumidoras que estavam furtando energia elétrica e, após passada a crise do Covid-19, encaminha-la para a delegacia de polícia para que faça as devidas investigações”, determina o juiz.

A empresa também deverá registrar com fotografias ou outro meio, os "gatos" e eventuais inconsistências técnicas, caso danos venham a ser reclamados por alguém.

Porém, não foi fixado prazo para a execução das obras, porque o próprio juiz comenta na decisão que “não tem a menor ideia do prazo necessário para o cumprimento da ordem...contando com a boa-fé da requerida no cumprimento da ordem, que deverá ser cumprida com a máxima urgência possível.”

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