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Capital

Lento e quase parando, ônibus urbano anda a 12 km/h na Capital

Leonardo Rocha e Edivaldo Bitencourt | 18/07/2013 17:29
Usuários reclamam de demora na "viagem" de ônibus em função do trânsito caótico (Foto: Cleber Gellio)
Usuários reclamam de demora na "viagem" de ônibus em função do trânsito caótico (Foto: Cleber Gellio)

O transporte coletivo em Campo Grande anda, em média, a apenas 12 quilômetros por hora. O número, que comprova as queixas da lentidão do sistema dos cerca de 220 mil usuários transportados diariamente, é do presidente da Assetur (Associação das empresas de transporte público urbano de Campo Grande), João Rezende. Ele admite que o ideal é a velocidade do ônibus ser o dobro, de 20 Km/h. Se alguém fosse para Terenos de ônibus, sem os corredores do transporte coletivo, demoraria 2 horas para percorrer os 23 quilômetros até o município. Uma viagem normal levaria menos de 30 minutos. 

Rezende destacou que esta dificuldade de se locomover acontece pela falta de mobilidade urbana na cidade. “As ruas estão abarrotadas de carros, motos e ônibus, podemos dizer que a cidade é um organismo vivo, mas as artérias estão entupidas”, destacou.

Segundo ele, a melhor alternativa para esta situação seria a implantação de corredores de ônibus e faixas exclusivas para o transporte coletivo. “O usuário não reclama das condições do transporte e sim da demora para chegar ao serviço ou na sua casa, uma viagem que seria de 20 minutos, hoje dura 40”, apontou.

O presidente destacou que algumas medidas, como alterar os horários das escolas, poderiam contribuir nos horários de “pico”, que são justamente as principais reclamações. “Porque não sincronizar horários diferentes entre as escolas municipais, estaduais e particulares? A entrada poderia ser depois do horário das pessoas que vão trabalhar”, ressaltou.

Em relação aos pontos críticos, Rezende apontou as avenidas Afonso Pena, Mato Grosso, Elias Zahran e Júlio de Castilho, além das ruas tradicionais no centro da cidade como Rui Barbosa, 14 de Julho, 13 de Maio e Calógeras. “É preciso ter um estudo e planejamento nestes locais, o serviço fica prejudicado por falta deste fluxo, os carros ainda podem pegar atalhos, o ônibus tem que seguir seu roteiro”, indicou.

João destacou que é preciso ter faixas definidas e horários específicos para que o trânsito não prejudique a população. “Nas manifestações, as pessoas reclamaram do serviço, mas esqueceram que é preciso ter condições para que este aconteça, o trânsito é fundamental”.

Usuários – As pessoas que frequentam o transporte coletivo descrevem que a demora ocasionada pelo trânsito para se fazer o percurso casa-serviço e serviço-casa geram as principais reclamações do setor. “Fico cerca de 1 hora dentro do ônibus para chegar em casa, o cansaço fica maior, o trânsito poderia ser mais rápido para melhorar as condições”, descreveu Gisele Nunes, que trabalha no centro em serviços gerais e mora no bairro Paulo Coelho.

Já o vigilante Robson Fernandes destacou que até prefere usar sua bicicleta, pois demora 40 minutos de ônibus para chegar ao serviço. “Esta tudo mais lento e devagar, são ônibus misturados com carros é uma bagunça, eles deveriam ter pistas separadas”, apontou ele.

Abrilhana Coeneme, dona de casa, ressaltou que os corredores de ônibus propostos pela prefeitura poderá ser uma alternativa, mas prefere esperar para comemorar. “Tem muitas promessas, se a situação vai melhorar é preciso ver para crer”, ponderou. A estudante de educação física, Andressa Bacargi, ressaltou que além de vias diferentes de acesso, deveria se aumentar a frota nos horários de pico. “Facilitaria a situação”.

Adriano França, estudante, destacou que a melhor alternativa seria os corredores e faixas exclusivas. “O transporte é muito devagar, deve se criar alternativas para mudar este quadro”, indicou ele.

Corredores - A Prefeitura da Capital vai utilizar parte dos R$ 432 milhões, que foram autorizados pela Câmara Municipal, para implantar corredores do transporte coletivo. No entanto, o projeto será diferente do encaminhado na gestão anterior, quando a proposta era implantar 25 corredores na cidade.

Inicialmente, a proposta da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) é dobrar a velocidade dos ônibus urbanos. Diariamente, em torno de 220 mil passageiros são transportados na Capital.

Outra reclamação dos usuários é o alto custo da passagem, em R$ 2,75 atualmente. O valor pode cair mais R$ 0,14 se o prefeito Alcides Bernal (PP) seguir o exemplo da presidente Dilma Rousseff (PT) e isentar o setor da cobrança de ISS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias).

O vereador Eduardo Romero (PTdoB) estima que essa redução poderá ocorrer só com a redução da alíquota atual de 5% para 2%. No entanto, a prefeitura admite que estuda a medida, mas não tem data para reduzir o preço da passagem, uma das mais altas do País. A primeira redução, em vigor desde o dia 1º deste mês, foi de R$ 0,10 em decorrência da isenção dos tributos federais, PIS e Cofins.

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