Letícia Sabatella vem à MS falar de feminismo e solta voz em espetáculo
A artista revela faceta de cantora e alia trabalho à militância em agenda para público seleto
Quase impossível dissociar o rosto e as interpretações da atriz Letícia Sabatella do engajamento político. A voz branda e ao mesmo tempo potente serve tanto aos grandes personagens da teledramaturgia, do cinema e do teatro, quanto às causas sociais. Em Campo Grande, ela empresta a estampa conhecida do público para dar visibilidade à luta das mulheres, mas não deixa de surpreender ao revelar a faceta de compositora e cantora no espetáculo musical “Caravana Tonteria”, apresentado a convidados nesta sexta-feira.
A desenvoltura da artista também na música pode ser comprovada em vídeos na internet, e já foi atestada em vários cantos do País e do mundo. O show, com estrutura de cabaré, circula desde o ano passado, mas a interpretação ao vivo será novidade para os campo-grandenses. O público é seleto, pois apenas professores associados à Fetems (Fundação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul) tem acesso aos ingressos.
Antes da apresentação, Letícia participou de Seminário em Comemoração ao Dia Internacional da Mulher. O encontro, segundo ela, é alento em momento que classifica como de “alerta vermelho” para o movimento feminista brasileiro. “Estamos nesse momento, principalmente pelo que estamos vendo no governo. A gente tá vendo isso refletido dentro do âmbito doméstico. Então, o feminicídio, por exemplo, está aumentando”.
De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entre 2016 e 2018 foram mais de 3,2 mil mortes no país. Além disso, estimativa do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), indica que, no mesmo período, mais de 3 mil casos de feminicídio não foram notificados.
A atriz avalia que encontros para debater a questão da mulher, neste momento, funcionam como inspirações cotidianas para enfrentar a opressão. “É muito bom vir para encontros assim que a gente tem essa sensação de que isso aqui reverbera e inspira”, destaca.
Já o espetáculo, ela garante, não é panfletário. É mais pessoal, mas não deixa de tocar indiretamente em questões relacionadas à mulher. “É mais sensível mesmo”, define. A bandeira militante aparece de forma sutil em interpretações de canções como, “Geni e Zepelim”, de Chico Buarque, e “Nanna's Lied”, de Bertold Brecht, e nas suas próprias composições que predominam no repertório.
Além da voz de Letícia, a apresentação conta com o ator Fernando Alves Pinto, que toca trompete e serrote. O pianista Paulo Braga e o baixista Zéli Silva completam o quarteto.
“A gente é muito afinado. De um show, foi virando uma banda e virou um grupo que a gente vai transformando o repertório aos poucos, usando muitas músicas minhas. Eu sempre tive esse lugar de voz muito bacana. É um depoimento muito pessoal o show. Muito gostoso e com músicas que eu gosto muito”, revelou.