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Capital

Lixo se espalha pela cidade e aumenta temor de epidemia de dengue

Aline dos Santos | 08/10/2015 12:31
No bairro Ana Maria do Couto, terreno baldio acumula de vaso sanitário a pneu. (Foto: Marcos Ermínio)
No bairro Ana Maria do Couto, terreno baldio acumula de vaso sanitário a pneu. (Foto: Marcos Ermínio)

O lixo que se espalha por Campo Grande e a proximidade da temporada de chuvas aumentam o temor de dengue, que já contabiliza 5.933 casos notificados e duas mortes em 2015. Na rua Ana Luíza Spengler, no bairro Ana Maria do Couto, Ednaldo Alves da Silva, 42 anos, enfrenta os percalços de trabalhar a poucos metros de um terreno baldio, promessa de um novo lixão.

Os resíduos incluem entulhos, sofás, arranjos, pneus, animal morto, tênis e vaso sanitário. Ontem, Ednaldo, que é auxiliar de obra, teve que enterrar um pedaço de carne apodrecida, jogado no local, para conseguir trabalhar.

Ele conta que já teve dengue no passado e teme que o lixo vire criadouro do mosquito aedes aegypti, transmissor da doença. “Graça a Deus ninguém pegou”, diz, ao comentar o risco ao qual ele e os colegas ficam expostos.

No bairro, a notícia da nova greve na coleta de lixo tira o sossego da cuidadora de idosos e acadêmica Arlete da Silva, 56 anos. “Tá feia a coisa. O lixo atrai muitos insetos”, reclama. Ela já se prepara para reforçar os sacos de lixo, enquanto a coleta não vem, e congelar restos de carne para que o mau cheiro não se espalhe.

Morando próximo a terreno baldio, Emerson Souza, 49 anos, conta que tenta dialogar com os “carroceiros” e motoristas que param veículos para jogar o lixo. “São muito mal educado. Só não chamam você de santo”, diz. Ou seja, além do odor fétido, tem que ouvir impropérios.

No detalhe, água acumulada em pneu: risco de dengue. (Foto: Marcos Ermínio)
No detalhe, água acumulada em pneu: risco de dengue. (Foto: Marcos Ermínio)

“No Japão, isso dá multa. Falta conscientização da população”, diz Emerson, que passa uma temporada na cidade e deve voltar ao Japão em janeiro.

De acordo com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), o mês com mais notificações foi abril, com 2.087 registros. Em setembro, foram 218. Agosto foi o mês com menor numero de casos notificados: 198.

Em todo o Estado, a SES (Secretaria Estadual de Saúde) registrou 30.681 notificações de janeiro a 7 de outubro. São 12 mortes confirmadas: Campo Grande (2), Dourados (3), Sonora (2), Corumbá, Juti, Paranhos, Três Lagoas e Maracaju. Um óbito em Itaporã é investigado pela secretaria.

Segundo o médico infectologista e coordenador da Fiocruz no Estado, Rivaldo Venâncio da Cunha, as próximas semanas devem revelar se o cenário é favorável à epidemia de dengue no Verão 2015/2016. Em 2013, foram 102.026 notificações da doença em Mato Grosso do Sul.

Cachorro se mistura ao lixo em terreno baldio. (Foto: Marcos Ermínio)
Cachorro se mistura ao lixo em terreno baldio. (Foto: Marcos Ermínio)
Emerson conta que tenta dialogar para evitar descarte do lixo.  "Só não chamam você de santo", diz. (Foto: Marcos Ermínio)
Emerson conta que tenta dialogar para evitar descarte do lixo. "Só não chamam você de santo", diz. (Foto: Marcos Ermínio)
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