"Maldade": moradores lamentam destruição de mural do projeto tatu-canastra
Instituto diz que deixará o caso a cargo da investigação da Polícia Civil; arte foi danificada em menos de 24h
Moradores da região do viaduto Pedro Chaves dos Santos, no cruzamento da Rua Ceará com a Avenida Ricardo Brandão, dizem estar tristes após pichação ter destruído mural do Icas (Instituto de Conservação de Animais Silvestres) na madrugada deste sábado (28), apenas 24 horas após o artista ter finalizado a obra. Para eles a atitude dos pichadores foi ‘vacilo’ e maldade.
Ao todo, a imagem realista do tatu-canastra o tamanduá-bandeira demorou quatro dias para ser feita. O instituto disse que deixará o caso a cargo da investigação da Polícia Civil.
A estudante de biomedicina da Uniderp, Yasmin Shimabukuro afirma que a atitude é hipócrita, uma vez que foi feita para prejudicar o trabalho também de artistas. “Achei que foi muito vacilo da parte deles. O pessoal do 'pixo' fala que quer visibilidade, querer ser visto, que o que eles fazem também é arte, mas eles atropelaram a arte de outra pessoa que ficou no sol pintando um tempão. Porque ali só pode dá pra pintar de dia, de noite é super perigoso”.
Ela acrescenta que a arte era um lembrete importante sobre a preservação da natureza e dos animais dos projetos. “ Era de preservação ambiental o projeto, era importante, achei zoado”.
Vilson do Santos, trabalha no condomínio próximo, ele também comenta que não gostou da atitude dos pichadores e que isso prejudica as coisas da cidade.
“Quando vi já estava assim, fizeram de noite. Por aqui está infestado desse pessoal que faz isso. Não sei porque fizeram isso. Vi o artista há dias aí. Achei que foi maldade, tava tão bonito. Fez isso no trabalho tão bonito do rapaz”.
O pintor Alex Reis ressalta que acha uma ‘zoeira’ com trabalho alheio e que a atitude deixa a cidade feia. “Sinceramente acho muita zoeira. Pessoas se esforçam para fazer e vem o pessoal e faz isso. Acho que não tem o que fazer. Acho que isso é deixar a cidade mais feia”
O intuito do projeto era homenagear os dois animais que correm risco de extinção. Segundo o instituto, a arte foi danificada por ter encoberto gravuras antigas na parede.
O Icas destaca que não realizou a cobertura da parede, apenas a pintura. O instituto ressalta que entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande e apresentou a proposta do mural. Posteriormente, a pasta responsável fez a cobertura e em seguida o artista realizou a obra.
“O órgão responsável pela gestão do viaduto havia sinalizado a intenção de revitalizar o local antes de o artista iniciar seu trabalho. Repudiamos o ato ocorrido nesta madrugada. Ressaltamos que seguimos todos os protocolos e que todos os custos do mural foram arcados pelo Icas, com o apoio de pessoas que acreditam em nosso projeto de conservação dessas espécies que simbolizam nossa causa.
A página Campão Grafitti republicou uma foto, que foi apagada depois. Nela mostra o lugar já com a arte riscada por tinta branca de madrugada. Na postagem havia o seguinte o texto:
“Por anos lutamos por espaço e falta de interpretação da sociedade e preservamos nossa história para serem apagadas por preservação? Publicidades e investimentos que não são distribuídos aos agentes de cultura de modo aberto. É desvalorização do nosso povo. Se não sabem, agora sabem! Muita falta de respeito! Colocamos a vida em risco para outros riscar. Anos já essa falta de respeito”.
Ao Campo Grande News, a página disse que não é responsável pela destruição da arte do projeto e que apenas reposta conteúdos envoltos em graffiti e pichação. Também há um vídeo onde a página explica que recebeu o conteúdo de maneira anônima e que não apoia o vandalismo.
Segundo um dos administradores da página, San Martinez, são 70 pessoas que têm acesso e conseguem postar. “Eu estou indignado sobre, estou vendo quem pode ter feito isso. Recebemos por dia 500 mensagens sobre grafitti”.
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