Marquinhos quer novo camelódromo e uso adequado da Guarda
Segundo prefeito, crise econômica fez com que muitos buscassem alternativa de vender produtos nas ruas
O prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), só enxerga solução para as péssimas condições dos terminais do transporte coletivo a longo prazo, por meio de PPP (Parceria Público Privada), “não vejo outra saída”, e descarta reforço na Guarda Municipal para coibir vandalismo.
“Primeiro que o efetivo nosso não é grande o suficiente para toda a cidade. Segundo, seria um desperdício, entre aspas, ter que colocar guarda municipal para cuidar bebedouro. Tem que haver maior conscientização”, afirma o prefeito. A curto prazo, o poder público busca empresa para fazer manutenção e limpeza.
A reportagem percorreu terminais em 17 de julho e se deparou com um quadro que faz parte de uma dura rotina de quem utiliza o transporte coletivo, cuja passagem custa R$ 3,70. O cenário era de banheiros pichados, com descargas inoperantes e falta de pias. Por enquanto, a manutenção segue sendo atribuição de equipes da prefeitura.
No ano passado, o Consórcio Guaicurus reformou os banheiros, trocou bebedouros, consertou vazamentos e renovou a pintura dos terminais. A “cara nova” durou uma semana.
A revitalização foi após a isenção de tributo para a empresa. Mas, de acordo com o prefeito, essa isenção de parte do ISS (Imposto Sobre Serviços) ajuda a segurar o preço da passagem, que sem a medida, custaria R$ 4. Segundo a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), a previsão para 2019 é que a isenção de ISS para o transporte coletivo urbano seja de R$ 11,8 milhões.
“Aquilo [a reforma] foi uma concessão do consórcio. A obrigação não é deles. Eles falaram que é inicio de gestão e vamos ajudar a administração. Foram parceiros. O ISS é um dos componentes da tarifa. Se fosse cobrar ISS, vai para R$ 4”. Sobre a PPP, o prefeito afirma que a questão é avaliada pela Agereg (Agência Municipal de Regulação de Serviços). “Não vejo outra saída”, diz.
Segundo o prefeito, foram 91 ônibus novo no primeiro ano de gestão e nos próximos meses serão mais 29 ônibus, sendo dez com ar-condicionado.
"Seria um desperdício,
entre aspas,
ter que colocar guarda municipal
para cuidar bebedouro.
Tem que haver maior conscientização"
De acordo com o diretor-presidente da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Janine de Lima Bruno, todos os terminais têm câmeras de vigilância, mas elas não escapam do vandalismo. Primeiro, no terminal Júlio de Castilho, adolescentes, que não queriam imagens de suas algazarras, colocavam chiclete na câmera. Por fim, ela foi furtada.
Janine conta que foi a uma audiência pública sobre transporte e sugeriu aos representantes da página “Ligados no Transporte”, que reúne reclamações, que também filme e divulgue as ações dos vândalos. Segundo ele, são exibidos os estragos, mas não os autores. “Por que não filmam quem está pichando, vão ajudar muito”, afirma.
Novo camelódromo para ambulantes
Sobre o aumento dos vendedores ambulantes na região central, Marquinhos afirma que não houve redução na fiscalização da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana) e aposta no Reviva Centro, projeto de revitalização, para uma saída natural do comércio informal. A prefeitura já procura área para os ambulantes, aos moldes do Camelódromo.
“Não houve desaceleração de fiscalização da Semadur. A crise econômica, o desemprego e a redução do orçamento familiar fez com que muitos cidadãos criassem alternativa de vender produtos nas ruas, como meias, óculos, cintos, frutas e flores. Com a revitalização do Centro, isso vai naturalmente se dissipar”, afirma o prefeito.
De acordo com Marquinhos, quando as obras forem se avolumando, os vendedores terão que sair. “A lado do Centro Comercial Popular tem um espaço onde a gente poderia também realocar essa pessoal. Já pensamos nisso. Vai ter que ter um espaço. Com a aproximação do Reviva Campo Grande, eles vão ter que sair dali. As calçadas vão virar centro de passagem”, afirma o gestor muncipal.
A crise econômica, o desemprego e a redução do orçamento familiar fez com que muitos cidadãos criassem alternativa de vender produtos nas ruas. Com a revitalização do Centro, isso vai naturalmente se dissipar”
Radares nas ruas em setembro
O chefe do Poder Executivo afirma que os radares devem voltar à ativa em setembro. “Aumentou em quase 27% os acidentes urbanos com o desligamento dos radares. O que se gasta em saúde pública é três vezes mais do que com ação preventiva”, afirma Marquinhos.
A licitação se aproxima do fim e o contrato deve ser assinado no fim de agosto. Um estudo técnico vai definir a quantidade de dispositivos que voltarão a fiscalizar excesso de velocidade e avanço do sinal vermelho nas ruas e avenidas. “É uma medida preventiva necessária, infelizmente”.
A Capital está sem radar há quase dois anos, quando o contrato com a Perkons venceu. Desde então, o processo licitatório sofreu uma série de impasses. O consórcio Cidade Morena venceu a concorrência por R$ 15,4 milhões.
A arrecadação de multas neste ano não passa de 13% do previsto. O Portal da Transparência mostra que o total esperado em 2018 com as multas na legislação de trânsito é de R$ 36,5 milhões. Mas, de primeiro de janeiro até 5 de junho, a receita foi de R$ 5,8 milhões.
Placas decorativas
Responsável pelo setor de trânsito, o diretor da Agetran afirma que a sinalização sofreu abandono de quatro anos na gestão passada e enfrenta de problemas naturais, como a ação do tempo, a curiosos, são furtadas para virar item de decoração.
“Tem muito vandalismo nas placas. A molecada gosta de roubar para colocar no quarto, a gente tem esse problema. A cidade ficou abandonada quatro anos na gestão anterior, fora tudo que foi roubado e o que a sinalização foi se apagando. A gente pegou uma cidade destruída e partimos praticamente do zero”, afirma Janine Bruno.
A manutenção da sinalização vertical, horizontal e semafórica é feita por equipes próprias e um consórcio, vencedor de licitação, que vai atuar por dois anos, com possibilidade de prorrogar por mais cinco anos.
A cidade tem 484 semáforos e já foram trocadas mais de 600 lâmpadas queimadas em três meses. Fazer sinalização semafórica em um cruzamento custa, em média, R$ 100 mil. A cidade tem previsão de mais 150 quebra-molas para reduzir a velocidade.
Rotatórias saturadas
Depois da confluência da Via Parque com a Mato Grosso, a prefeitura avança na semaforização das rotatórias, que não comportam mais o fluxo no horário de pico. A próxima é da avenida Interlagos.
O cronograma inclui a rotatória das avenidas Tamandaré com a Ernesto Geisel, Três Barras com a Marquês de Lavradio, Joaquim Murtinho com a Ceará e Eduardo Elias Zahran com a Joaquim Murtinho.