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Capital

Médica morta pelo marido dedicou-se a pacientes carentes por 34 anos

Zana Zaidan | 13/01/2014 16:19
Médica foi encontrada morta na varanda da casa onde casal vivia, no Monte Líbano (Foto: Marcos Ermínio)
Médica foi encontrada morta na varanda da casa onde casal vivia, no Monte Líbano (Foto: Marcos Ermínio)

A médica Maria José de Pauli, 60 anos, foi morta pelo marido prestes a se aposentar, após 34 anos dedicados à medicina de família e da comunidade, inclusive a pacientes carentes da zona rural de Campo Grande. Após 32 anos de casamento, ela foi morta pelo marido, o pecuarista José Mário Ferreira, 58 anos, na noite do último sábado (11), depois de uma tarde de discussões.

Natural do Paraná, Maria José transferiu o registro profissional para Mato Grosso do Sul e, posteriormente, passou a trabalhar na Unidade de Saúde da Família Três Barras. Em dezembro do ano passado, Maria José aposentou-se e passou a atender apenas na unidade de saúde do Tiradentes, onde trabalhava há mais de 15 anos. No final deste ano, ela também encerraria o vínculo empregatício com o posto do bairro.

Um dos colegas de trabalho conta que o profissionalismo falava mais alto e, por isso, nos últimos dias Maria José não demonstrou estar abalada ou com problemas com o marido.

“Só ficamos sabendo das brigas com o marido depois que aconteceu a tragédia, mesmo porque ela era uma pessoa muito reservada em relação à assuntos pessoais. Quase ninguém daqui o conhecia, só sabíamos que ele era fazendeiro e, por isso, quase não ficava muito na cidade”, diz o enfermeiro, que preferiu não se identificar.

“Era uma pessoa muito, muito amigável, todos gostavam muito dela. Sempre vou me lembrar como uma pessoa que trabalhava bastante, e era muito correta”, acrescenta.

No posto da Três Barras, Maria José construiu vínculo com as famílias e era próxima dos pacientes. “Ela era a única médica e trabalhou por muitos anos e, por ser na zona rural, tinha aquela relação de confiança que os médicos de antigamente tinham com o paciente, de cuidar da criança desde o nascimento até a fase de adulto”, afirma outra companheira de trabalho, que preferiu não se identificar.

Os cuidados da médica eram retribuídos, forma que os pacientes encontravam para demonstrar a gratidão. “Essas coisas que pacientes dão, o que eles podiam, às vezes um doce caseiro, um bolo, uma toalhinha bordada”, diz a colega. Por lá, Maria José também não mencionava a relação que levava em casa com o marido.

Maria José foi casada por 32 anos e deixou três filhos, todos casados, e dois netos.

O caso - Maria José de Pauli, 60 anos, foi morta pelo marido, o pecuarista José Mário Ferreira, 58 anos, na noite do último sábado (11). O crime aconteceu na varanda da casa onde o casal morava, na rua Luis Pereira de Souza, bairro Monte Líbano.

Ela teria descoberto uma traição do marido e, por isso, pedido o divórcio, que era negado por José. Depois de uma tarde de discussões, ele desferiu golpes na cabeça da esposa com uma barra de ferro e, em seguida, suicidou-se.

Um dia antes da tragédia, Maria José procurou a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), onde relatou que estava com dificuldades para conseguir a separação, além de registrar boletim de ocorrência contra o marido por injúria. Uma policial sugeriu que a médica pedisse medida judicial para mantê-lo afastado, e Maria José teria se recusado, alegando acreditar que não era necessário.

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