Moradores do Bairro Amambaí clamam por solução para furtos constantes na região
Fiação elétrica, pertences pessoais e até veículos são alvos dos ladrões
A sensação de insegurança no bairro mais antigo de Campo Grande, o Amambaí, tem provocado indignação entre os moradores, que dizem estar de mãos atadas diante dos constantes casos de furtos na região.
Quase que unânime, o furto de fiação elétrica é um dos principais alvos dos ladrões, que não hesitam em arrombar as caixas de proteção para posteriormente subtrair o cobre. Foi o que ocorreu com o casal, Rosana Cerejo, 56 anos, contadora e José Valmir, 56 ano, empresário. Além da própria residência, um imóvel comercial e a construção de um novo prédio, na Rua 26 de Agosto, na região central, já foram furtados pelo menos cinco vezes. Na última, levaram da obra toda fiação elétrica e instalação de ar-condicionado.
“Aqui em casa, a gente já colocou grade de segurança no padrão, porque eles [ladrões] roubam os fios. Nosso bairro está muito esquecido, se der uma volta vai ver a quantidade de placas de vende-se e a quantidade de usuários e gente desocupada. A gente precisa de uma atenção maior”, disse Rosana.
O despachante Amilso Pereira, 42 anos, que aluga sala no local, foi vítima das ações dos invasores. Em seu caso, o prejuízo não ficou restrito à fiação, no dia 19 de dezembro do ano passado, ele perdeu uma moto Yamaha YBR/2016, um notebook, além de pertences como cartão de crédito. “Fiz o boletim de ocorrência, mas nada foi recuperado. É complicado, porque é um bem que você leva três, quatros anos para conseguir e eles entregam por pouco”, lamentou.
Relatos sobre furtos no bairro não faltam. Na manhã da última segunda (21), o assistente jurídico de 34 anos, que prefere ser identificado apenas por André, teve a infelicidade de acordar com notícia, por volta das 6h30, que o vidro de seu carro havia sido quebrado. “Por fim, ficou mesmo o prejuízo do vidro quebrado, porque levaram apenas o documento do veículo”, disse o rapaz que mora no bairro há mais de 25 anos e sempre achou o Amambaí “um bairro tranquilo".
Até mesmo quem é antigo e conhecido no bairro não passa ileso aos furtos, como o empresário libanês Sleiman Khalil Salame, conhecido como Salomão, que está no mesmo ponto, na esquina da Rua João Rosa Pires com a Saldanha Marinho, desde 1999. Na madrugada de domingo (20), teve o veículo, Volkswagen Santana/1986, levado de frente ao estabelecimento, onde estava estacionado.
Para Salomão, o final foi mais feliz, o carro adquirido 0 km e que tornou-se relíquia da família, foi recuperado no terceiro dia pela Defurv (Delegacia Especializada de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos), no entanto, as avarias somaram quase R$ 2 mil de prejuízos. “A parte elétrica, placa e até o para-choque voltaram estragados. Danificaram a parte da ignição também”, queixou-se o comerciante, que acrescentou não ser a primeira vez a ser furtado. Em outra ocasião, invadiram o estabelecimento e levaram produtos alimentícios.
Problema crônico - A proximidade com usuários de droga na antiga rodoviária, Rua Barão do Rio Branco, é uma das principais queixas entre os morados. José Valmir chama a atenção para a audácia de alguns usuários que invadem terrenos desprotegidos na localidade, que tem servido de abrigo e aumentado a insegurança no bairro.
Em um dos locais, na Rua Bodoquena, é possível constatar ligações clandestinas de água e energia. “Eles entram nos terrenos para queimar os fios, já chegamos até acionar os bombeiros. É preocupante porque essas ligações na energia, por exemplo, são perigosas. Já denunciei o furto de água para a empresa prestadora”.
Rosana Cerejo acredita que o problema tem que ser combatido na sua origem, que são os receptadores. “Se tem quem vende é porque tem quem compra”.
Justiçamento perigoso - Com sentimento de impotência, para tentar solucionar de vez o problema, os moradores têm ocupado a função das autoridades de segurança e tomado medidas por conta própria. Por meio de troca de informações no grupo de mensagens, chegam a realizar abordagens em pessoas que acreditam ser suspeitas dos recentes delitos.
“Esses dias, vi um rapaz carregando uma escada e perguntei o que ele ia fazer com ela. Ele me ofereceu para vender no valor de R$ 20,00. Outro morador que ficou sabendo foi atrás dele para pressioná-lo. Depois, fiquei sabendo que a escada era da farmácia aqui da esquina”, disse Valmir.
O que diz a GCM - Segundo o secretário municipal de Segurança Pública, Valério Azambuja, a GCM (Guarda Civil Metropolitana) tem intensificado as ações de combate ao desarmamento de pessoas que ocupam a região.
“O foco é desarmar esse pessoal da rua, que já tem passagens, por exemplo. São armas brancas e ferramentas apreendidas em abordagens que possivelmente usariam para furtos”. Ele reforça a necessidade da população denunciar pelo telefone 153.