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Capital

Morte filmada precedeu tribunal do crime e pedido ignorado de perdão

Viviane Oliveira e Marcus Moura | 16/02/2017 11:27
Corpo foi encontrado ontem à tarde na cachoeira do Céuzinho (Foto: Adriano Fernandes)
Corpo foi encontrado ontem à tarde na cachoeira do Céuzinho (Foto: Adriano Fernandes)

Antes de ser condenado à morte, Richard Alexandre Lianho, 25 anos, foi julgado pelo tribunal do crime do PCC (Primeiro Comando da Capital) por videoconferência, realizado com vários presos integrantes da fação criminosa, na terça-feira (14), mesmo dia em que ocorreu o crime. O jovem participou do julgamento, em uma quitinete do Bairro Zé Pereira, e ainda tentou se desculpar. 

Richard, que foi executado a tiros no penhasco da cachoeira do Céuzinho, local que fica perto do Inferninho, a 800 metros da rodovia MS-080, em Campo Grande, teve a morte filmada. Dois adolescentes de 16 e 17 anos – este completou 18 anos ontem (15) –, foram apreendidos e confessaram o crime. Eles tiveram a ajuda de um homem de 22 anos, que também está preso e não teve o nome divulgado.

Segundo o delegado Bruno Urban, da Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude), Richard foi morto porque se envolveu com a mulher de um preso. Isto é o que os adolescentes disseram em depoimento.

A morte dele foi filmada para que, em seguida, as imagens fossem enviadas para o mandante do crime. “Essa é a versão deles, pode ser verdade ou mentira. A gente ainda está investigando para saber se existe mesmo essa mulher, quem é esse detento ou se o crime foi por briga entre facções”, explica a autoridade policial. Richard seria membro do CV (Comando Vermelho).

Sequestro - Segundo depoimento dos envolvidos à polícia, a vítima foi atraída pelos adolescentes que se passaram pela mulher e marcaram encontro. Em plena luz do dia, Richard foi sequestrado, colocado dentro de um carro vermelho e levado para uma quitinete, onde os adolescentes moravam.

Lá, foi realizada a videoconferência e a maioria dos presos decidiu pela execução. Com as mãos amarradas, a vítima teve direito de defesa. Richard teria pedido desculpas, afirmado que não sairia mais com a mulher do preso e implorado por uma chance.

Richard, já no Céuzinho, um pouco antes de morrer (Foto: reprodução/vídeo)
Richard, já no Céuzinho, um pouco antes de morrer (Foto: reprodução/vídeo)
Delegado Bruno Urban, responsável pela investigação, diz que vários pontos ainda precisam ser esclarecidos (Foto: Marcus Moura)
Delegado Bruno Urban, responsável pela investigação, diz que vários pontos ainda precisam ser esclarecidos (Foto: Marcus Moura)

No mesmo dia, o rapaz foi levado para a região do Céuzinho e executado. O homem, envolvido no crime, não teria participado do tribunal, apenas dado apoio na execução.

Roubo - A polícia chegou até os adolescentes após a informação do envolvimento deles em um roubo a malote contendo R$ 60 mil, ocorrido no mês passado, em Três Lagoas. Durante investigação, a equipe policial encontrou o vídeo da execução no celular de um acusados.

Com pouco mais de um minuto, o vídeo começa com Richard de joelhos. Logo nos primeiros segundo, o rapaz começa a repassar uma espécie de recado: “Pra todo mundo, todos os CV (Comando Vermelho), que tá em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, na penitenciária aí, na rua, parça aí tudo jogado, tá ligado? O que tá acontecendo comigo vai acontecer com vocês também, mano”. (sic)

Assim que ele termina de falar, a câmera deita para o lado e é possível ver o braço de alguém empunhando um revólver. Alguém ao fundo pergunta: “pode dar o primeiro?”. Enquanto a vítima abaixa a cabeça lentamente, a arma é engatilhada e o primeiro tiro disparado, direto na cabeça do rapaz, que cai com o rosto no chão. Depois de morto, a vítima recebe vários chutes e socos e tem os braços cortados.

Crimes - Mesmo após ter completado 18 anos, o rapaz vai responder como menor, pois quando cometeu o crime tinha 17 anos. Os dois adolescentes vão responder por ato infracional equivalente a homicídio, ocultação de cadáver, porte de arma e de droga. O homem, que participou também do assassinato, vai responder pelos mesmos crime e ainda corrupção de menores.

Quanto ao recado que o jovem passa antes de morrer, o delegado acredita que seja para intimidar e remeter medo. Foram os adolescentes que atiraram na vítima, enquanto o terceiro comparsa gravava tudo. Richard, tem várias passagens pela polícia por furto, roubo e até estupro ocorrido em 2015 em Terenos.

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