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Capital

Motorista de aplicativo diz ter usado pasta-base e nega tentativa de estupro

“Se apavorou e começou a gritar”, afirmou homem de 38 anos investigado por suposto ataque

Anahi Zurutuza e Dayene Paz | 07/06/2022 18:06
Motorista de aplicativo prestou depoimento na Deam e foi liberado nesta madrugada (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Motorista de aplicativo prestou depoimento na Deam e foi liberado nesta madrugada (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

O motorista de aplicativo, de 38 anos, que chegou a ser detido pela Polícia Militar após ser acusado de tentativa de estupro contra passageira, nega que tenha atacado a moça, de 28 anos. Ele admitiu, em interrogatório na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), que dirigia sob efeito de pasta-base de cocaína, na madrugada do ocorrido.

O homem, que diz ser casado e trabalhar como caminhoneiro, também afirmou que faz uso de antidepressivos e tem ficha na polícia por violência doméstica.

Quando perguntado se na madrugada de segunda-feira (6), ele havia tido “problemas” com algum passageiro, ele explicou que começou a trabalhar por volta da meia-noite e parou às 4h. Neste intervalo, teria feito apenas duas corridas e em ambos os casos, as solicitantes eram mulheres.

Ele narrou ainda que percebeu uma das passageiras muito nervosa e que errou o caminho quando a moça estava no carro. Na tentativa de voltar para o trajeto correto, ele teria entrado em uma rua escura, momento que a moça entrou em desespero e começou a gritar. “Quando ela se apavorou e começou a gritar, eu me desesperei também”.

O motorista admite que depois que a passageira saiu do carro, ele decidiu “fugir” e se desfazer dos pertences da passageira. “Neste desespero, eu joguei as coisas dela”.

O suspeito também disse não ter percebido que havia encerrado a corrida com a passageira no carro e alegou que só notou o “erro” após ser abordado e questionado pela PM (Polícia Militar), no início da madrugada desta terça-feira (7).

Sobre não ter relatado a ocorrência ao aplicativo mais de 24 horas depois do acontecido, ele justificou: “foi a correria”.

O homem foi ouvido e liberado, segundo a delegada Joilce Ramos, porque não ficou configurado flagrante.

Carro usado por motorista de aplicativo acusado de tentar estuprar passageira. (Foto: Direto das Ruas)
Carro usado por motorista de aplicativo acusado de tentar estuprar passageira. (Foto: Direto das Ruas)

O caso – Conforme apurado pela reportagem, a mulher contratou uma corrida na Rodoviária de Campo Grande, por volta das 4h30 de segunda, dia 6. A vítima havia acabado de chegar de viagem de Ponta Porã e ia para casa, no Bairro São Francisco. Entretanto, assim que entrou no veículo Ford Ka, ela percebeu que o motorista encerrou a corrida. A passageira decidiu seguir viagem, mas ligou para o marido.

A mulher acredita que o ataque tenha acontecido, na região da Vila Progresso. A vítima conseguiu identificar o local, na Rua Estevão Capriata. Ela sofreu um arranhão no rosto e conta que o homem travou as portas do carro. Na gravação do telefonema, é possível ouvir o momento que o motorista vai para cima dela. O áudio é desesperador.

A vítima conseguiu descer do carro, correu em direção a um posto de gasolina e conseguiu chamar socorro com um celular de uma pessoa que passava pelo local.

O aparelho dela foi localizado depois, através do GPS, uma vez que a moça havia compartilhado a localização em tempo real com o marido. O celular havia sido descartado pelo motorista de aplicativo.

Ao longo de todo o dia de ontem, policiais da 6ª CIPM (Companhia Independente da Polícia Militar), que socorreram a vítima, trabalharam na tentativa de identificar o agressor. No decorrer das buscas, os militares encontraram primeiro uma bolsa da mulher, onde estavam seus cartões, joias e documentos pessoais. Na sequência, acharam outra mala, que havia sido descartada. Nela, estavam roupas e mochila com um notebook, além de nécessaire com produtos de higiene pessoal, como cosméticos e perfumes.

Os militares foram até a Rodoviária de Campo Grande e, por meio das câmeras de segurança, conseguiram identificar a placa do carro de aplicativo e depois, o suspeito.

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