Motoristas da Uber dirigem até 16h por dia para ter lucro; clientes elogiam
Aplicativo que conecta passageiros e condutores faz sucesso com quem usa, mas ainda são poucos, afirmam autônomos
Teve caminhoneiro que virou motorista da Uber para poder ficar mais perto da família, mas admite que para manter a renda tem de trabalhar até 12 horas por dia. A empresa que conecta passageiros e motoristas completou um mês em Campo Grande, mas o número de usuários ainda é considerado baixo por quem vende a “carona”.
Rubens, 62 anos, deixou a estrada para dirigir na cidade, mas admite que não conseguiu ainda ter a vida mais tranquila que planejava. Para ter na conta um bom dinheiro, ele trabalha em média 10 horas por dia. “Estou completando neste fim de semana 500 viagens [média de 16 por dia]. Pela estatística que a Uber manda pra gente, eu estou os 25 mais bem colocados”.
O ex-caminhoneiro conta outra estratégia que adotou para lucrar mais: trabalha de dia e à noite. “Começo no fim da manhã e vou até a noite, porque aí a gente atende todos os públicos”.
Para ele, a tendência é a quantidade de usuários aumentar. “As pessoas ainda estão conhecendo”.
José Januário foi dispensado do trabalho e encontrou na Uber uma forma de manter seu sustento. Ele já chegou a ficar 16 horas na rua. “Para o passageiro é ótimo, é barato. Para a gente é que o valor da corrida é um pouco baixo. Mas, tem bombeiro, PM, funcionário público trabalhando pela Uber, eu acho que vai melhorar o movimento cada vez mais”.
A Uber não fornece estatísticas, nem da quantidade de motoristas atuando na Capital e nem de usuários do aplicativo.
Rubens pediu para ser identificado pelo primeiro nome e nenhum dos entrevistados autorizou foto. Embora nenhuma violência contra motoristas da Uber tenha ocorrido na Capital, como já ocorreu em outras cidades, eles temem represálias.
Clientela – Para os usuários, pagar bem menos que a um táxi pelos trajetos é a maior vantagem. A soteropolitana Yana Gottschall está na cidade há três meses e conta com a Uber para fazer os seus deslocamentos diários de casa para o trabalho. “Eu nem trouxe meu carro para cá. Pra mim essa opção é muito prática”.
Rodrigo Freitas já usava a Uber em outras cidades e desde que precisou passar por uma cirurgia no joelho só anda com os motoristas da plataforma. “Estou adorando ser o passageiro, acho que até compensa mais que ter um carro”, diz.
A Uber passou uma semana recrutando condutores no Hotel Deville e no dia 22 de setembro, o sistema começou a operar.
Mais barato - Para entrar no carro, o passageiro paga R$ 2,5 e depois tem de desembolsar R$ 1,10 por km rodado e R$ 0,15 pelo minuto. Os valores são descontados do cartão de crédito do usuário cadastrado.
No primeiro dia da Uber, o Campo Grande News fez o teste. Pedimos o carro na rua da Paz, 960, e fomos ao Aeroporto Internacional de Campo Grande. Foram 19 minutos de viagem e o cobrado foi R$ 2,50 referente a taxa base, R$ 9,63 por 8,75 km rodados e R$ 2,86 referente ao tempo de viagem - R$ 14,99 no total.
De táxi, o tempo e distância da viagem são os mesmo, mas o valor, o dobro. O taxista nos cobrou R$ 30,30.
O aplicativo da Uber mostra onde o carro está, o tempo, a distância, e o trajeto que ele fará para chegar até você.