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Capital

Uber faz movimento de táxi cair até 90%, mas ainda divide opiniões

Chloé Pinheiro | 27/09/2016 11:08
No centro, os táxis vivem período de baixa pós-Uber. (Foto: Alcides Neto)
No centro, os táxis vivem período de baixa pós-Uber. (Foto: Alcides Neto)

Cinco dias depois de chegar à cidade, o aplicativo Uber já mudou a rotina dos taxistas de Campo Grande. “Costumava rodar 70 quilômetros no começo da manhã e até agora só rodei 6”, conta João Jesus de Queiroz, taxista há mais de 20 anos que faz ponto na frente da Santa Casa, região central da cidade.

Mesmo com a queda de mais de 90% na quilometragem, João ainda não sabe se vai virar motorista da Uber. “Experimentei ontem a noite, mas acho que não vai virar. A corrida é muito barata e isso é bom para o usuário, mas ruim para a gente”, explica.

“Eu que tenho que colocar meu carro lá, diferente do táxi. Sem contar que demora uma semana para receber, então tenho que ter dinheiro para arcar com os custos”, continua Queiroz. “Acho que não vai longe porque os motoristas tem que investir muito, mas também não sei como faremos porque perdemos clientes aqui”, desabafa.

Quem quer pegar Uber de noite nos bairros enfrenta dificuldades. (Foto: Reprodução)
Quem quer pegar Uber de noite nos bairros enfrenta dificuldades. (Foto: Reprodução)

Enquanto no centro da capital o Uber está a todo vapor, nos bairros a situação é um pouco diferente. “Trabalhei no final de semana no centro e não parei um minuto, mas nos bairros é um pouco mais fraco, porque até tem corrida pra ir, mas o carro volta vazio”, aponta Vinícius de Arruda, 23 anos, que é dono de uma empresa de serviços automotivos, mas também faz 'bico' de Uber no tempo livre.

A reportagem tentou chamar um Uber no Coophatrabalho, região oeste da cidade, durante a semana no período da noite e por dois dias o aplicativo mostrou que não havia carros disponíveis. “Só pego corridas que estão no máximo a seis minutos de distância. se for longe não vou nem pegar, porque não compensa pra mim”, resume Queiroz.

Mesmo assim, o serviço promete continuar impactando o mercado para os táxis, até mesmo porque grande parte os taxistas auxiliares, que conduzem carros de outros donos e representam a maioria dos taxistas da cidade, seguem animados.

“Pelo menos 20% já virou Uber e eu estou preparando meu carro para isso porque vi que o pessoal está satisfeito no geral”, conta Kleber Soreano, 38, taxistas auxiliar. “O valor compensa porque há um fluxo muito grande de passageiros, e já vimos que caiu bastante mesmo no táxi”, opina.

Para aproveitar a onda, quem quer usar o aplicativo como fonte de renda está até alugando carro. A empresa tem convênio com a Localiza, que cobra cerca de R$50 por dia para locar um veículo nos moldes do Uber, que exige que os carros sejam no mínimo de 2008, com quatro portas, ar condicionado e cinco lugares.

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