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Capital

Movimento cai 70% e mototaxista aposta em aplicativo para vencer Uber

Alberto Dias | 07/02/2017 18:50
Já houve época em que era difícil encontrar moto disponível no ponto. (Foto: André Bittar)
Já houve época em que era difícil encontrar moto disponível no ponto. (Foto: André Bittar)

Após duas décadas carregando passageiros sobre duas rodas, os mototaxistas buscam alternativas para se reiventar frente à concorrência. De carona com os aplicativos Uber e também das cooperativas de táxi, em Campo Grande já é possível solicitar uma corrida de motocicleta utilizando o celular, saber o valor e o tempo de espera, e pagar com cartão. Daqui a seis meses, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) estima que todas os 490 mototaxistas já tenham motocímetro - a versão do taxímetro que vai calcular o valor das corridas.

"A lei determina que toda cidade que ultrapasse 50 mil habitantes deve ter motocímetro, mas isso nunca foi cobrado e gera uma desconfiança. Até porque existem preços diferentes para um mesmo trajeto, por isso vamos normatizar essa situação", declarou o prefeito, após reunião com a categoria na tarde desta terça-feira (7), no Paço Municipal. 

Para o mototaxista é hora de investir. A instalação do motocímetro deve custar entre R$ 800 e R$ 900, com a missão de alavancar o movimento, ao trazer de volta clientes perdidos. "Isso vai dar confiança ao usuário na hora de pagar e credibilidade para quem faz a corrida", afirma o presidente do sindicato, Dorvair Boaventura de Oliveira Caburé, frente à constantes reclamações de passageiros que reclamam justamente a falta de critério na cobrança.

Já o aplicativo, da empresa BR Moto Táxi, surgiu há sete meses e já chegou a estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, com download gratuito, tanto para o sistema Android, quanto IOS. Conforme o diretor do BR, Igor Dantas, "a novidade não onera os mototaxistas e um pequeno percentual é pago pelos passageiros", a exemplo do aplicativo Uber. Em Mato Grosso do Sul, a empresa e sindicato firmaram acordo de concessão para o período de 20 anos. 

Tudo isso para tentar reverter uma drástica queda de 60 a 70% nas corridas sobre motocicletas pelas ruas da Capital nos últimos meses, conforme estimativa do próprio sindicato. 

O motivo é simples: um novo serviço surgiu trazendo mais conforto, preços competitivos e, a exemplo de outras capitais, muita polêmica. O Uber chegou em Campo Grande em setembro com preços equivalentes e até mais baratos que os mototaxistas.

No entanto, a corrida é feita dentro de automóveis, com ar condicionado e pode levar mais de um passageiro - que não se molha em caso de chuva. Também pode ser paga por cartão de crédito a um valor considerado "camarada". Tal história, porém, remete a fatos do passado.

Decreto municipal dará prazo de 180 dias para instalação de motocímetros. (Foto: André Bittar)
Decreto municipal dará prazo de 180 dias para instalação de motocímetros. (Foto: André Bittar)

História se repete - Em 1996 um novo serviço de transporte particular surgia como opção mais barata que os tradicionais taxis da época. As corridas eram feitas em motocicletas, o que permitia que custassem menos da metade do valor cobrado pelos taxistas em carros. Os primeiros moto-taxistas geraram desconforto a esses motoristas, até serem regulamentados, pouco mais de um ano depois, em maio de 1998. "Houve resistência no início, mas nós buscamos a regulamentação", conta o sindicalista Caburé, que defende a profissão desde que surgiu.

Vinte anos depois, os taxistas e mototaxistas deixaram a concorrência de lado e se uniram contra o novo serviço, que desde setembro "tira corridas" de 490 taxistas e 490 mototaxistas, sem pagar impostos. Diante de tudo isso, o prefeito prometeu a regularização do Uber em Campo Grande, mesmo outras cidades tendo fracassado nessa empreitada, inclusive por vias judiciais.

"Estamos pegando as normas de outras capitais, atendendo a decisão judicial de todas elas e vamos fazer um decreto para que os motoristas e veículos sejam identificados, para que vejamos suas vidas pregressas (antecedentes criminais), para que tenham seguro para os veículos e passageiros e também um escritório de atendimento aqui", explicou Marquinhos Trad, ao agendar um próximo encontro com os representantes de táxis e mototáxis para segunda-feira (13), às 8h, em seu gabinete.

Até lá, a Procuradoria-Geral do Município deverá avaliar o documento entregue pelas duas categorias nesta terça-feira e propor algumas "adequações necessárias", como definiu o prefeito. Da próxima reunião deverá "sair o decreto municipal que dará prazo de 180 dias para que os mototaxistas tenham motocímetro e, ainda, que regulamentará a atividade do Uber em Campo Grande". Durante o primeiro encontro, Trad apontou que o Uber é uma prática sem nenhuma fiscalização e que oferece perigo à segurança do campo-grandense.

"Você tem que saber de quem é o carro, quem é motorista", apontou, ao garantir que serão impostas as mesmas condições, tanto a táxis, quanto ao Uber. "Há uma lei federal, do Contran, que determina que todo serviço remunerado de transporte de passageiros deve ser regulamentado pelo Município. É isso que vamos fazer", finalizou. Por fim, o prefeito não descarta ainda, se necessário, aumentar o número de alvarás para táxis e mototáxis e estima que 200 motoristas de Uber pela cidade seja um número mais que razoável.

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