Na despedida, irmã lembra sorriso e último beijo no caçula que era "queen"

Desde as 17h deste sábado (21) familiares e amigos se reúnem para último adeus ao jovem Eder Henrique Coenga, de 27 anos. Uma noite sem os holofotes que iluminavam os palcos para Apollo Black, drag queen criada pelo rapaz, mas tão repleta de emoções e admiração quanto nos sábados em que Eder escolhia para brilhar mostrando sua arte.

Vivas, continuarão as lembranças de quem acompanhou de perto a evolução do jovem que foi assassinado nesta sexta-feira (20), há menos de um mês para o seu aniversário. “Nos vimos pela última vez na quarta-feira. Chamei ele para ir na casa da nossa mãe e me despedi com um beijo na testa dele. Ele tinha um sorriso divino, mas também era luxo, poder e glória”, lembra a irmã, Evelyn Cheker, de 36 anos, manicure.

Evelyn conta que foi uma das primeiras pessoas a quem Eder, confidenciou sua homossexualidade aos 18 anos e também a vontade de se montar. “Ele começou a se montar desde que se assumiu. Acompanhei todo esse momento de descoberta dele e me impressionava com o talento que ele tinha para maquiagem. Levava de 2 a 3 horas para compor um visual e logo começou a se destacar”, conta.

Eder descrevia sua Apollo Black como uma drag “anti-diva” com visual dark, andrógino que chocava pelo impacto visual e o glamour. Ela chegou a se afastar dos palcos por uns tempos, mas voltou com tudo no ano passado quando foi eleita a melhor drag queen de Mato Grosso do Sul.Mas Evelyn ressalta que Eder foi exemplar na arte e também como irmão caçula.

“Ele foi praticamente um pai para o meu filho que hoje tem 15 anos. Tive alguns problemas pessoais, me afastei da minha família e deixei meu filho com a minha mãe e o Eder, sempre cuidou dele”, diz. Além do título no concurso Drag Star MS 2018 o rapaz também comemorou outra recente conquista: ter comprado o primeiro apartamento. Ele já tinha muitos shows agendados e no próximo dia 16 de janeiro, iria completar 28 anos.

“Eu até pedi para alguns amigos deles que se montam, que venham ao velório de drags. Todo mundo bonito com muito glamour e luxo. Ele iria gostar”, diz. Quando perguntada sobre qual vai ser a maior lembrança do irmão, Evelyn não excita. “O sorriso lindo e a vontade que tinha de viver e ser feliz”, completa.

Durante o velório quem também não media elogios ao amigo e admirador confesso, era Luiz Fernando de Jesus Batista, de 21 anos. “Nos conhecemos há apenas dois anos e desde então frequentei a casa dele, admirava as roupas, as maquiagens e o estilo sempre glamoroso que ele tinha”, conclui. Eder está sendo velado no Cemitério Memorial Pak e o sepultamento está marcado para este domingo (22) às 13h.

O caso - Eder Henrique Coenga foi morto com um tiro no peito por volta das 19h da noite desta sexta-feira (20), no trecho sem saída da Rua Frederico Soares atrás do Shopping Campo Grande. A Polícia Civil já tem um suspeito para o crime, mas ele ainda não foi preso. A motivação para o crime, segundo a polícia pode ter sido passional.