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Capital

"Não foram 3 minutos nunca", denuncia filha que viu pai morrer em UPA da Capital

Família acredita que houve negligência no atendimento da unidade

Cassia Modena | 26/06/2023 11:14
Idoso era cuidadoso com a saúde e realizava exames com frequência, afirma filha (Foto: Arquivo pessoal)
Idoso era cuidadoso com a saúde e realizava exames com frequência, afirma filha (Foto: Arquivo pessoal)

A família de José Carlos Novello, 71, que sofreu um infarto e morreu na área de espera da UPA Coronel Antonino, em Campo Grande, no último sábado (24), acredita que houve negligência na unidade de saúde.

Nesta segunda-feira (26), o Campo Grande News entrou em contato novamente com a filha do idoso, a comerciante Eliane Novello, 43, que afirmou: "Houve negligência, houve demora. Eu não cronometrei quantos minutos e segundos esperamos, estava nervosa, é difícil mensurar".

Ela contesta o registro apresentado pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), em que consta que se passaram 3 minutos da entrada do paciente na unidade até a parada cardiorrespiratória sofrida por ele. "Não foram 3 minutos nunca", alega.

No interior da unidade - Eliane detalhou que, no sábado, precisou entrar na área de atendimento da UPA para procurar uma enfermeira, já que não havia ninguém na sala de classificação de risco, onde cada paciente é avaliado antes de ser encaminhado ao médico.

"Quando a moça da recepção fez a ficha, meu pai ainda estava andando e falando. Voltei lá sozinha, para não deixar ele preocupado, e avisei que ele estava com todas as características de infarto. Ela me orientou a bater na porta e ver se tinha alguém na triagem e, caso não tivesse, que eu entrasse lá dentro e procurasse a enfermeira perto da sala do raio X", conta Eliane.

A profissional da enfermagem foi encontrada, porém, foi "insensível" ao pedido e desconsiderou a gravidade do caso, na visão de Eliane. "Ela me disse 'olha, moça, eu não sou duas e tem paciente com mais gravidade que seu pai'".

A filha afirma que insistiu. "Pedi 'pelo amor de Deus, me ajuda, faz alguma coisa' e ouvi 'vai ter que esperar'. Quando voltei para a área de espera, meu pai estava pálido", continua.

O momento em que idoso sofreu parada cardiorrespiratória foi registrado no vídeo abaixo:

Houve tempo o suficiente para prestarem socorro imediato à vítima, sustenta Eliane. "Demorou, sim. Cheguei, fui à recepção duas vezes, fui lá dentro, fui lá fora, sentei, vi meu pai ficando nervoso e depois caindo morto", finaliza.

Por ainda estar muito abalada, a família não formalizou a reclamação à Sesau. Após a morte ser atestada, foi feito registro de boletim de ocorrência para esclarecer suas  circunstâncias.

O corpo de José Carlos Novello foi encaminhado ao Imol (Instituto Médico e Odontológico Legal) no sábado e liberado para velório e sepultamento no domingo.

3 minutos - Assim como informou no domingo ao Campo Grande News, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) reforçou hoje que o intervalo de tempo entre a entrada do paciente na UPA Coronel Antonino e a parada cardiorrespiratória foi de 3 minutos, o que contesta a versão de Elaine.

"O paciente deu entrada na unidade 2h15 onde foi acolhido e, por volta de 2h18, teve uma parada cardiorrespiratória. Imediatamente a equipe o atendeu e encaminhou para a sala de urgência, onde foram realizadas as manobras de intervenção por cerca de 30 minutos, mas sem sucesso. O óbito foi relatado por volta de 2h45", diz em nota.

A pasta ressalta que o paciente tinha eletrodos pelo corpo, o que pode indicar que passou por exames anteriormente à procura da unidade. Quanto a isso, a filha esclareceu que um check-up foi realizado há 15 dias, e que havia apenas o sinal dos dispositivos no corpo devido aos pelos terem sido arrancados, e não os eletrodos. "Ele nos falou que o exame 'não deu nada'. Meu pai tinha saúde, se cuidava, realizava exames com frequência e até trabalhava como motorista de uber para não ficar parado", acrescenta.

Por fim, a Sesau defende não ter havido negligência no caso. "Cabe ressaltar que, em nenhum momento, o atendimento do paciente foi negligenciado e toda a assistência possível foi prestada. O registro com horário de entrada, além de todo o histórico do atendimento do paciente estão à disposição da família e das autoridades policiais", pontua.



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