"Não tem o que fazer", diz promotor de festas após decreto ser publicado
Decreto proíbe festas, eventos e reuniões de qualquer natureza que gerem aglomeração de pessoas até dia 21
Promotores de festas e eventos, casas noturnas e profissionais de eventos sociais, como casamentos e aniversários, foram pegos de surpresa com novo decreto publicado hoje (04), proibindo festas, eventos e reuniões de qualquer natureza que gerem aglomeração de pessoas.
Com dois grandes eventos marcados para o período de vigência do decreto, Luis Henrique da Silva Ramos, que trabalha promovendo festas há quase 10 anos, lamenta a decisão da prefeitura de Campo Grande.
"Pra nós isso é lockdown, mas decreto é decreto, não tem o que fazer, todos terão que ser adiados.", explica o empresário, que ainda reforça que é o dinheiro dessas festas que sustenta muitas famílias.
Jean Paçoka, promoter conhecido na capital, já havia adiado todos os eventos antes mesmo do decreto ser publicado na tarde de hoje. "Quando voltou o toque de recolher eu senti que as restrições iam voltar também, já passei meus eventos todos para 2021", conta Jean.
Para ele é um investimento perdido, mas não tem o que fazer e nem reclamar, a não ser obedecer as novas regras decretadas pelo município e reorganizar a agenda de festas e shows.
A casa noturna Valley Pub e a Daza publicaram avisos de que irão paralisar atividades a partir do dia 07, quando o decreto entra em vigência. De acordo com os posts nas redes sociais, este será o último fim de semana de festas nos dois locais.
Sandra Mello, integrante do MOPE MS (Movimento Organizado dos Profissionais de Eventos do Mato Grosso do Sul), lamenta a proibição dos eventos e afirma que o movimento é contrário ao decreto. Segundo o movimento, falta fiscalização aos estabelecimentos que não cumprem as medidas impostas.
Após reunião com a CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), na tarde de hoje, o MOPE MS emitiu uma nota alegando que a decisão do prefeito "massacra ainda mais os CNPJ que seguem com rigor os termos de biossegurança impostos pelo Decreto anterior e abre brechas para a clandestinidade.".
Para Sandra, a proibição de festas e eventos prejudica muito além dos promoters, mas sim toda uma cadeia de empresas, como o setor de alimentação, bebidas, decoração, hoteis, e até os motoristas de táxi e aplicativos.
"Quando a gente tava começando a sentir uma recuperação, agora nos vemos nessa situação sem prévio aviso. Será um grande transtorno e prejuízo remarcar os eventos que já havíamos adiado no começo e meio da pandemia", finaliza Sandra.
Dados da pandemia - Boletim epidemiológico da covid-19 traz 14 novos óbitos pela doença e 1.197 infectados registrados nas últimas 24 horas pela SES (Secretaria Estadual de Saúde). Com atualização dos dados, Mato Grosso do Sul chega a 103.433 casos acumulados e 1.818 óbitos desde o início da pandemia. Pelo quarto dia consecutivo, o Estado registrou mais de dez vítimas pelo novo coronavírus.
Foram oito em Campo Grande, três em Dourados e uma em Sete Quedas, Ladário e Corumbá. A mais velha tinha 86 anos e vivia em Ladário, enquanto a mais jovem era um homem, de 21 anos, de Dourados.
Só hoje em Campo Grande os registros oficiais são de 601 casos. A Capital tem 797 mortos pela covid-19, o que representa 43,8% de todos os óbitos de Mato Grosso do Sul.