Nem decreto segura população em casa e Centro tem movimentação de dia normal
Se a ideia de restringir atividades era para evitar circulação de pessoas, Centro prova que não adiantou muito
O decreto do "fecha tudo" que na verdade atinge poucas atividades de forma efetiva mostra que se a ideia era de evitar circulação de pessoas, pelo menos no Centro isso não funcionou muito não.
No final da manhã desta segunda-feira (14), se viu movimentação normal, incluindo muita gente sem máscara andando pela Praça Ary Coelho. Por ser intervalo de almoço de alguns funcionários, os bancos foram tomados de gente que aproveitou o momento "ao ar livre" para tirar a máscara, se alimentar ou beber alguma coisa.
Vendedor, Mário de Souza, de 21 anos, estava no horário de almoço e estudava estratégias de como melhorar suas vendas num período complicado como a pandemia. Sobre as medidas restritivas trazidas pelo Prosseguir, que colocou Campo Grande na bandeira cinza, ele acredita que pouco vai funcionar.
"Até porque bastante gente tem que trabalhar, e não dá para você parar", diz. Questionado se poderia seguir com a sua atividade em home office, Mário responde que não, porque para vender é preciso ter lábia e saber apresentar o produto ao cliente.
"Desde que começou a pandemia eu perdi 25% dos meus clientes, mas venda é isso, tem que ser persistente. A gente só queria que tudo voltasse ao normal", comenta.
Uma estoquista de 49 anos que trabalha no Shopping Campo Grande preferiu não se identificar. Sem dizer nome, ela conta que teve "férias forçadas" no serviço e como tem contas a pagar, aproveitou os dias em que não vai trabalhar para vender pães e bolos no Centro.
"Eu trabalho lá e sigo vendendo meus pães e rosquinhas. É uma forma de ter renda extra. Por isso estou aqui hoje, mas já terminei e vou voltar para casa", justificou.
Segurança, Carlos Cortez, de 58 anos, era um dos que também estava sentado na praça. Ele foi resolver um problema de urgência no banco, e na saída encontrou um amigo de longa data. Ambos não se viam há uns seis meses e tinham perdido o número de celular um do outro.
"A gente sentiu aqui para botar o papo em dia, mas eu estou me cuidando", adverte Carlos. Quanto ao decreto funcionar ou não, Carlos diz que só multando para o povo cumprir. "Só vão respeitar quando sentirem no bolso", dispara.
No entanto, perguntado se ele pagaria se entrasse no rol de "multados" por descumprirem o decreto, o segurança afirma que se estiver errado, "não vê problema de pagar".
Autônomo, Magno da Silva, de 37 anos, conta que veio de Aquidauana para Campo Grande, porque lá estava tudo fechado e ele precisava consertar seu carro. Sentado na praça esperando o tempo para buscar o veículo, ele acredita que as pessoas estão na rua por teimosia mesmo.
"Pode fechar tudo, mas na minha visão, as pessoas são teimosas e saem para a rua da mesma forma. Acho que só vai funcionar quando realmente fechar tudo e só ficar hospital. O povo tem que ser avisado uns 10 dias antes, assim ninguém vai ter desculpa para ir pra rua", opina.
Cuidadora de idosos, Norma Ortiz, de 48 anos, fala que o que falta é respeito e que a maioria das pessoas sai de casa por pura teimosia. "Porque se fosse necessidade mesmo, a pessoa saía, resolvia e já ia para casa. O que a gente vê é o pessoal sentado junto, sem máscara, comendo ou bebendo alguma coisa", comenta.
No caso dela, a saída também era de urgência para resolver problema com o banco. "Nem multa deve funcionar, porque até os estabelecimentos quando são multados e fiscalizados voltam a desrespeitar", sustenta.