No desespero de achar filho no lixão, mãe reconhece menino em foto de jornal
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Em meio ao desespero e a esperança de achar o filho ainda com vida depois de soterrado no lixão, Lucilene Correa, 31 anos, reconheceu o menino em uma foto no jornal O Estado. A surpresa para todos foi que a foto registrava o caminho que Maikon deu as últimas pedaladas na garupa de uma bicicleta, rumo ao lixão, poucas horas antes ser soterrado.
“Viram meu filho e não fizeram nada, agora ele está morto”, gritava a mãe.
O menino passava com um amigo rumo ao lixão. Na foto, inclusive dá para ver de relance uma placa que deveria proibir a entrada de crianças, escondida atrás de uma árvore.
O repórter do jornal, Rafael Bueno, foi quem flagrou os meninos na bicicleta enquanto entrevistava um senhor, catador do lixão.
“Ao mesmo tempo eles estavam passando de bicicleta e eu disse espera aí, vocês estão indo trabalhar no lixão?”
Depois das respostas afirmativas do mais velho, o garoto de 14 anos, que dizia ter de ir pro lixão nas férias para ajudar o tio no sustento da casa, a dupla seguiu sorrindo e acenando.
“Vai indo que a gente vai tirar foto, vai normal. Aí eles entraram no lixão”, contou o repórter.
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Durante a entrevista para o jornal O Estado, o mais velho disse do sonho de ser bombeiro para ajudar muita gente, enquanto Maikon ficou de cabeça baixa, tímido, apenas comentando o que o colega respondia.
Na mesma manhã do flagrante da foto, a prefeitura informou que técnicos da Assistência Social visitaram a família do garoto, vítima do acidente, justamente alertando dos perigos de crianças no lixão.
O caso teve grande repercussão. Entre as 20h de buscas pelo corpo da criança, catadores deixaram de lado o ganha pão e solidariedade à família. Muitos deles acompanharam todo o trabalho dos bombeiros.
Desde o desmoronamento, o lixão, palco de cenas em que adultos e crianças tem como trabalho catar o lixo depositado pela cidade toda, sem preparo e material nenhum, virou cenário de apreensão e lágrimas.
Das 16h30 de quarta-feira até o final da manhã de hoje os pais de Maikon, Lucilene e Reginaldo Pereira de Andrade, 33 anos, passaram o tempo todo com o coração na mão e choro nos olhos. E não foram os únicos, a emoção conteve quem estava acompanhando de perto, de imprensa, aos bombeiros, Defesa Civil e catadores que viam no local de trabalho o corpo de uma criança de 9 anos ser retirado de debaixo de toneladas de lixo.