Nove minutos separam casa de assassino e ponto onde corretora foi morta
Dinâmica do crime foi relatada por suspeito a policiais do Choque, mas ele ainda será interrogado
Nove minutos separam a casa, no Jardim Centenário – bairro do extremo sul de Campo Grande –, onde a corretora de imóveis Amalha Cristina Mariano Garcia, 43, começou a ser agredida por Fabiano Garcia Sanches, 38, e o local onde o corpo foi encontrado, próximo ao Terminal Intermodal de Cargas, obra abandonada do “porto seco” da Capital, no Los Angeles. A dinâmica do crime teria sido relatada pelo assassino “confesso”, informalmente, a policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar, que o prenderam na sexta-feira (24).
No fim da tarde de sexta, o comandante do Batalhão de Choque, tenente-coronel Rigoberto Rocha, deu coletiva de imprensa para informar que militares haviam prendido o suspeito. O mandado de prisão temporária foi expedido, a pedido da Polícia Civil, por volta do meio-dia do dia 24, conforme apurado pelo Campo Grande News.
De acordo com o militar, ao ser abordado por policiais do Choque, dirigindo um caminhão na Avenida Ministro João Arinos, Fabiano teria admitido ser o assassino de Amalha “de imediato”. Contou que havia convidado a corretora para dar golpe em um seguro, mas ela negou e por isso, acabou morrendo.
Rocha afirmou que o caminhoneiro foi identificado durante as investigações, mas sem dar detalhes. “No local, ele relata que propôs que os dois dessem o ‘golpe do seguro’ usando o carro da vítima, um Jeep Renegade”. A ideia, provavelmente, era comunicar falso furto do veículo, levar para o outro lado da fronteira, vender e também conseguir o dinheiro do seguro.
Como Amalha disse não, Fabiano diz que os dois discutiram e ele passou a agredir a corretora. Depois de algum tempo, o caminhoneiro afirma que colocou Amalha dentro do próprio carro e a levou para a região do porto seco, onde continuou batendo na vítima com um pedaço de pau. Quando ela estava enfraquecida, ainda conforme relatado pelo homem ao Choque, ele a colocou no porta-malas do Jeep Renegade e seguiu por alguns metros.
Retirou a vítima do carro e os dois lutaram, contou Fabiano. Foi então que ele deu o golpe fatal e arrastou o corpo até perto da árvore onde foi encontrado. Aos militares, ele afirmou ainda que saiu do local com o Jeep da corretora e passou o veículo para outra pessoa, ainda não identificada.
Do Los Angeles, onde a corretora lutou por seus últimos minutos, até o Indubrasil, bairro onde o carro dela foi encontrado, são 27 minutos dirigindo. Já da casa do suspeito até o ponto da “desova” do veículo não cerca de 18 minutos.
Muito a apurar – Para a Polícia Civil, o assassino “confesso” alegou ter “envolvimento” com a vítima e explicou que a conheceu em aplicativo de relacionamento. O caminhoneiro Fabiano Garcia Sanches, de 38 anos, contudo, não foi ouvido formalmente ainda.
Preso no fim da tarde de sexta-feira (24), por força de mandado de prisão temporária – pedido feito pela delegada Analu Lacerda Ferraz, em sigilo, na madrugada –, o homem está sob a custódia da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), mas só deve ser interrogado nesta segunda-feira, dia 27.
Revelações – como o fato do suspeito já ter se envolvido amorosamente com a vítima –podem levar a investigação a tratar o caso como um feminicídio, crime relacionado à violência de gênero. É diferente, por exemplo, de ser apurado como latrocínio (roubo seguido de morte), como divulgou o Batalhão de Choque da Polícia Militar.
Mas, como somente o interrogatório em solo policial tem valor para o inquérito, outras definições só serão tomadas a partir de amanhã.
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