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Obra de 10 anos contra alagamentos na Ernesto Geisel terá 3ª licitação aberta

Primeiras intervenções são de 2012, mas somente em 2018 avançaram efetivamente, após abertura de outro certame

Lucia Morel | 24/10/2022 16:48
Trecho da avenida Ernesto Geisel cuja margem no sentido bairro/centro está caindo e já provocando rachaduras na pista. (Foto: Kísie Ainoã)
Trecho da avenida Ernesto Geisel cuja margem no sentido bairro/centro está caindo e já provocando rachaduras na pista. (Foto: Kísie Ainoã)

A Prefeitura de Campo Grande abrirá nova licitação para terminar as obras da recomposição do leito do Rio Anhanduí, na Avenida Norte e Sul, entre as ruas Abolição e Aquário. Dois trechos não foram terminados porque a empresa Dreno Construções, que estava responsável, não continuou o serviço e pediu rescisão do contrato.

Entretanto, ainda não há valor estimado para a conclusão do trecho, que está separado em dois lotes: um entre as ruas Abolição e Bom Sucesso e outro entre a Bom Sucesso e a do Aquário. Cada parte tem custo previsto de R$ 25,6 milhões e R$ 15,8 milhões, respectivamente.

A Dreno Construções abandonou a obra porque a prefeitura não tinha mais dinheiro para pagar pelo serviço, que utiliza recurso federal. Cada um desses trechos foram 58% e 50% executados, conforme Portal de Obras da gestão municipal, e a empreiteira recebeu praticamente metade do que era previsto para os dois trechos até paralisar sua atuação.

O Portal da Transparência do Governo Federal mostra que praticamente totalidade dos recursos já foi pago. De R$ 60.974.794,96, total de R$ 60.338.880,92 já foram repassados ao Município, ou seja, cerca de 98,96% do valor do convênio. Mais R$ 11.186.478,40 são de contrapartida do Município. Até agora, R$ 36.093.303,95 já foram aplicados na obra, restando R$ 18.338.101,97 para serem utilizados.

Uma das razões da empresa ter abandonado a obra é a demora no repasse por parte do Governo Federal, e pela planilha na página de transparência da União, de fato, revela que, entre 14 de setembro de 2018 e dezembro de 2019, as liberações de recurso foram frequentes, mas novo repasse foi feito apenas no final do ano seguinte, em 12 de novembro de 2020.

O convênio da Prefeitura de Campo Grande com o Ministério do Desenvolvimento é de 2011 e em 2012, o então prefeito Nelson Trad lançou as obras, que tiveram repasses frequentes entre 7 de agosto de 2012 até 2 de março de 2013.

Após isso, novas liberações foram realizadas entre 2 de julho e 4 de agosto de 2014. Novo pagamento do Governo Federal só ocorreu, então, em 14 de setembro de 2018, quando a obra foi efetivamente reativada, já na gestão de Marcos Trad. O convênio vence em 30 de abril do ano que vem, quando o Município tem prazo para usar o recurso.

O Município não informou quanto tem em caixa, de sua contrapartida de R$ 11.186.478,40, para tocar o empreendimento.

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Para quem mora ou trabalha na região a situação quase melhorou, apesar da obra não ter sido finalizada. Jean Souza, de 45 anos, tem uma loja de motos na via, sentido centro/bairro e afirma que em forte chuva que encheu o rio no ano passado, ainda ocorreu alagamento e a água chegou na porta de seu estabelecimento.

"Só não entrou porque é mais alto, mas no rapaz aqui do lado, que a loja é mais pra frente, encheu tudo e ele perdeu o que tinha acabado de montar", conta. Para ele, ainda não foi possível mensurar se houve melhora. "Não choveu mais tão forte desde então, mas o ideal mesmo era a obra finalizada".

Para a dona de casa Rosa Arguelho, de 62 anos e que mora na região há 45, os alagamentos acabaram logo após as primeiras intervenções que alargaram o leito d'água. "Tem uns 7 anos que não alaga daquele jeito", afirmou, lembrando que comércio ao lado de sua casa é o que sempre mais sofreu.

Ela reclama, entretanto, da sujeira das margens e também da ausência da finalização da obra. "É muito mato e lixo. Se estivesse tudo bonitinho, as pessoas não iam jogar tanta sujeira aí", lamenta.

Fonte: Transparência Governo Federal
Fonte: Transparência Governo Federal

Em nota, a Sisep (Secretaria de Infraestrutura e Obras Públicas) informou que “como as empresas que ganharam a licitação pediram rescisão de contrato, será aberta uma nova concorrência para concluir os lotes 2 e 3 (entre as Ruas da Abolição e Aquário)”.

Sobre a nova licitação, “a secretaria reitera que no momento está sendo feita a readequação das planilhas de custos para composição do novo orçamento de referência”. O secretário de obras, Rudi Fiorese informou que o que falta fazer é o muro em gabião em parte da margem esquerda do Rio Anhanduí.

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