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Capital

Outros candidatos passam mal em mais um dia de prova da PM

Na quinta-feira, um candidato passou mal durante o TAF e morreu; mesmo assim, provas continuam

Dayene Paz e Mariely Barros | 04/08/2023 12:47


Em mais um dia de TAF (Teste de Aptidão Física) do concurso da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, candidatos passaram mal durante o percurso de 2,4 km em até 12 minutos. Um deles precisou ser socorrido pela equipe da ambulância que fica no local e outros dois receberam atendimento deitados no chão.

Ontem, Arthur Matheus Martins Rosa, de 25 anos, participava das provas que envolviam corrida, barras e flexões. Ele passou mal, foi socorrido, mas não resistiu e morreu nesta sexta-feira (4).

Mesmo assim, as avaliações do concurso continuam no Centro Olímpico Rui Jorge da Cunha, na Vila Nasser, em Campo Grande, e seguem até amanhã (5). No local, a empresa responsável pela seleção, Idecan (Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural e Assistencial Nacional), fornece a água. Os candidatos também podem levar comida e isotônico.

O fator mais questionado pelos candidatos é o tempo de espera e a desvantagem entre quem corre às 7h e quem corre às 11h. "No edital, eles pedem para a gente chegar até às 6h30. Eu cheguei às 5h, por isso corri agora 10h", comenta um advogado, de 40 anos. A turma dele foi a penúltima a correr. "A gente encontra desvantagem do calor, tanto na barra, que são cinco repetições, quanto na corrida, que são 12 minutos sem parar", completa.

Equipe de emergência permanece no local durante a realização dos testes físicos pelos candidatos. (Foto: Henrique Kawaminami)
Equipe de emergência permanece no local durante a realização dos testes físicos pelos candidatos. (Foto: Henrique Kawaminami)

O advogado afirma que treinou durante dois meses, mas já tem o hábito de praticar exercício. Ele diz que o calor exige mais e, por esse motivo, muitos acabam passando mal. "É a primeira vez que faço TAF esse horário. Das outras vezes que fiz, foi de manhã cedo ou final da tarde. Senti que o calor interveio sim no meu resultado. Além disso, a banca misturou o pessoal que está tentando vaga de oficial com o que está para soldado, acaba que fica muita gente".

Outro candidato, professor de 28 anos, morador de Corumbá, também acredita que o horário o prejudicou. "Cheguei às 5h e corri 10h. O pessoal que correu às 7h foi o que chegou 2h30 ou 3h. Senti que esse horário me prejudicou, porque o ar está muito seco, fiquei ofegante e tossi muito durante a prova", diz.

Ele comentou que está treinando há seis meses e já faz atividade física. "Sempre treino nos horários mais frescos, como de manhã e final da tarde. Quem não tem condicionamento físico pode acabar como esse rapaz", lamenta ele ao se referir à morte de Arthur Matheus durante o TAF.

Um engenheiro civil, de 27 anos, de Porto Velho (RO), afirma que a banca foi pontual com relação aos horários, mas concorda que o calor intenso influenciou. "Já corri no sol de 12h em alguns concursos em Porto Velho, isso afeta sim o rendimento da pessoa. Nesse horário, ninguém costuma treinar, o pessoal que não passou mal é porque já faz exercícios há anos e não só para o concurso".

Candidato com água na mão durante provas na manhã desta sexta-feira. (Foto: Henrique Kawaminami)
Candidato com água na mão durante provas na manhã desta sexta-feira. (Foto: Henrique Kawaminami)

Um consultor de vendas, de 24 anos, morador de Campo Grande, acredita ser importante o acompanhamento do candidato por um profissional de educação física. "Vários colegas meus, que começaram a correr em janeiro com ajuda de assessoria de treinamento, conseguiram fazer a prova. Acho importante o auxilio de um profissional", comenta.

Militar por 4 anos e sabendo se preparar, ainda assim, o consultor encontrou dificuldades. "A primeira vez que fiz o teste da corrida, eu não consegui. Estou desde fevereiro fazendo testes". Para ele, a banca deveria ter dado oportunidades iguais. "Pensando na isometria, em dar a mesma oportunidade para todos, as provas deveriam ser mais cedo sim. Eles deveriam dar andamento mais rápido, talvez em um lugar com pista maior e apropriada, também deviam diminuir os intervalos das turmas", pondera.

Sobre as exigências, o Idecan afirma que Arthur apresentou atestado médico que indicava estar apto a realizar as provas. "A gente passou pela fase de exames médicos e também por outro médico, pois a banca exigiu atestado de no máximo 15 dias afirmando que estamos aptos para a prova. Se ele chegou até aqui, era porque tinha condições de fazer o TAF. Foi uma fatalidade o que aconteceu, pode ser que tenha algum problema de doença crônica, porque embora a prova seja difícil, não acredito que alguém possa cair morto aqui por conta da corrida ou do calor", afirma.

Candidato sendo atendido por equipes da ambulância que fica no local. (Foto: Henrique Kawaminami)
Candidato sendo atendido por equipes da ambulância que fica no local. (Foto: Henrique Kawaminami)

Segundo os candidatos entrevistados, quem não aguenta realizar a prova pode parar. "Não é obrigado a continuar", pondera o consultor de vendas.

Posicionamento - O Idecan informou que há mais de 40 dias havia divulgado as diretivas para os exames físicos. O próprio edital do concurso apontou que para essa fase os candidatos deveriam dormir bem na noite anterior, estarem alimentados, sem consumo de bebida alcoólica ou substância química para estarem “em boas condições”.

O Idecan informa que está auxiliando os familiares de Matheus. A Secretaria do Governo divulgou nota se solidarizando com os parentes e amigos do candidato. Considerou que mesmo com “todo cuidado e responsabilidade pela aplicação da mesma (prova) é necessário apuração célere que não deixe margens para novas tragédias, motivo pelo qual já iniciou uma apuração isenta e objetiva”.

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