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Capital

‘Pantaneiro’ organizava resposta do PCC aos massacres em presídios

Rafael Ribeiro | 21/02/2017 12:42
Detentos do PCC transferidos para presídio federal formavam ala que organizava, das cadeias do Estado, retaliação contra facções rivais que executaram mais de 130 pessoas, principalmente em presídios do Norte e Nordeste (Foto: Alcides Neto)
Detentos do PCC transferidos para presídio federal formavam ala que organizava, das cadeias do Estado, retaliação contra facções rivais que executaram mais de 130 pessoas, principalmente em presídios do Norte e Nordeste (Foto: Alcides Neto)
'Pantaneiro': disciplina do PCC era articulador de revanche contra rivais e foi flagrado em ligações com outros líderes da facção (Foto: Reprodução)
'Pantaneiro': disciplina do PCC era articulador de revanche contra rivais e foi flagrado em ligações com outros líderes da facção (Foto: Reprodução)

A transferência de Francivaldo Rodrigues Lima, o ‘Pantaneiro’, para o presídio federal de Porto Velho (RO), na última segunda-feira (20), foi acertada conjuntamente entre os ministérios públicos Estadual de Mato Grosso do Sul e Federal por um motivo crucial: líder do PCC (Primeiro Comando da Capital), o ex-detento de Dourados (a 233km de Campo Grande) é acusado de organizar por telefone, de dentro da penitenciária estadual da cidade, uma resposta da facção criminosa contra os rivais após o massacre ocorrido em detenções do Norte e Nordeste, em janeiro.

Segundo relatório do Ministério Público Federal revelado parcialmente à Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) do Estado, ‘Pantanal’ foi flagrado em escutas telefônicas conversando com outros líderes do PCC em São Paulo e Paraná, de dentro da Penitenciária Estadual de Dourados.

Nas falas, transcritas nos relatórios, ‘Pantaneiro’ ressalta que conhece lideranças de facções rivais como o Sindicato do Crime, no Rio Grande do Norte, e Família do Norte, no Amazonas, bandos que também racharam com o PCC além do Comando Vermelho, em desavenças que levaram a mais de 130 assassinatos em presídios brasileiros neste ano.

O plano é que com a entrada do acusado no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), a articulação entre sul e norte do PCC no País seja rompida de vez e se evite que haja novos massacres, pelo menos temporariamente. Nos presídios federais, as restrições aos detentos são maiores, como banhos de sol controlados e horários mais rígidos.

Ao todo, 15 detentos de presídios sul-mato-grossenses foram transferidos para Rondônia, seis do Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande e nove de Dourados.


O Gaeco estadual levantou que todos eles faziam a articulação da liderança de ‘Pantaneiro’, repassando ordens a faccionados e divulgando as sentenças dos ‘tribunais do crime’ decididas por ele: exclusão do PCC, suspensão, agressões físicas e morte, dependendo da ofensa e desobediência às regras.


Currículo – Segundo a promotora Cristiane Mourão, do Gaeco, Lima tem uma trajetória de destaque no crime. Em São Paulo, seu nome figura como autor em nada menos que 44 processos criminais, de 13 cidades diferentes, em crimes como homicídio, tráfico de drogas e armas, roubo e furto.

Desde 2013 ‘Pantaneiro’ atua no Mato Grosso do Sul. Na ocasião, chegou em Dourados como enviado pelo próprio PCC, apurou o Gaeco, para controlar o fluxo de drogas e armas que viriam do Paraguai para abastecer a facção.

Não tardou, contudo, para se envolver em novos crimes de repercussão na cidade, onde conquistou fama entre os criminosos pelo posto de ‘disciplina’, e foi preso por roubo, furto e porte ilegal de arma.


Desde o racha entre PCC e Comando, em outubro, ‘Pantaneiro’, mesmo em regime fechado, se impunha como o principal articulador do confronto entre facções nos presídios do Estado.


A Sejusp decidiu atender o pedido de transferência para presídios federais após seu nome apontar como o responsável pelo drone que caiu no pátio da Penitenciária Estadual de Dourados com celulares e drogas no dia 3 de janeiro, gerando um pequeno motim.

O plano de iniciar uma guerra no presídio foi frustrado na ocasião com a prisão de dois comparsas de ‘Pantaneiro’ que estavam do lado de fora da PED armados, esperando para agir.

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