Para defesa, Marcos atacaria qualquer um e Carla estava no "lugar e hora errada"
Defesa de assassino confesso de Carla não tentou provar inocência, mas desqualificar detalhes de crimes
Na hora de falar, a defesa de Marcos André Vilalba Carvalho, assassino confesso da jovem Carla Santana Magalhães, não inocentou o cliente ou tirou qualquer responsabilidade pelos crimes cometidos.
Antes de iniciar a fala, o advogado Sebastião Francisco dos Santos Júnior "externou" sentimentos aos familiares de Carla por "tudo o que vocês passaram".
A defesa trabalhou a linha de tentar desqualificar detalhes sustentados pelo Ministério Público. Marcos é acusado por homicídio com quatro qualificadoras: motivo fútil, meio cruel, recurso que dificultou a vítima e feminicídio, além dos crimes de estupro, vilipêndio e ocultação de cadáver.
"A defesa não sustenta a inocência. Marcos é réu confesso. E não sustenta a impunidade, a gente sustenta o equilíbrio de pena", declarou ao plenário.
O advogado confirmou que se trata de motivo fútil, porque o assassino estaria em um psicose alcoólica e poderia atacar quem estivesse a sua frente.
"Lamentavelmente, ela passou no local errado, na hora errada, no momento em que ele estava horrível. Marcos não subjugou a Carla, ela foi escolhida de forma aleatória", defende.
Ao relatar desde a prisão de Marcos, o advogado falou que em várias vezes, sozinho na cela, o autor disse que não se lembrava de nada, porque bebia muito e que também não sabia o porquê fez aquilo.
Na delegacia, o advogado recorda que Marcos respondeu para a polícia que poderia ter matado um homem ou quem quer que fosse. "Ele respondeu que sim. 'Principalmente, se eu tivesse tomados umas'", pontua o advogado.
Já para a Justiça, Marcos teria mudado toda a versão e dito que matou porque Carla não respondia aos seus cumprimentos.
Abuso de bebida - O advogado sustenta ainda que o cliente estava em uma "psicose alcoólica" e que, por conta disso, perdeu a noção da realidade, o que lhe tornou violento. Sebastião chegou a citar até fotos que mostram dezenas de garrafas de pinga embaixo do tanque da casa do assassino.
"A dúvida não é se Marcos matou a Carla. A dúvida é em que momento Carla morreu e em que momento ele fez as coisas que fez", questionou o advogado.
Na hora de defender que a qualificadora "meio cruel" deveria ser tirada, o advogado fala que Carla morreu imediatamente, assim que Marcos deu o mata-leão, ela já apagou e foi morta.
"Não houve um meio cruel para o assassinato, porque ele matou ela. Não teve feminicídio, porque ele nunca subjugou a Carla, ela foi escolhida aleatoriamente", pontuou o advogado.
Sobre o estupro, a defesa mostrou laudos afirmando que não houve estupro e sim "sexo com cadáver". "Esse cara é doente, quem faz isso com uma pessoa morta?", levanta.
O crime de ocultação de cadáver, a defesa não questionou, apenas pediu ao júri que Marcos fosse condenado pelos crimes que cometeu e que ele não é uma "pessoa normal".
"Claro que ele vai ficar recluso, mas tem que ter tratamento. Tenho para mim que o Marcos não é normal e não deveria ser tratado como esta sendo tratado".
Apesar de apelar em vários momentos para o fato de que Marcos precisaria de tratamento psiquiátrico, no inquérito, não consta nenhuma avaliação ou laudo que comprove doença por parte do réu.
Abalada, a mãe de Carla ficou mais abatida e em muitos momentos da argumentação da defesa, de olhos fechados e mão no rosto.
A sentença do júri sai ainda na tarde desta sexta-feira.