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Capital

Passageira chama corrida para se jogar de pontilhão, mas motorista pede socorro

Mulher havia acabado de sair de conveniência e chorava muito durante o trajeto; motorista seguiu para quartel dos bombeiros

Liniker Ribeiro | 21/01/2021 16:15
Motorista de aplicativo dirigindo, em Campo Grande (Foto: Arquivo)
Motorista de aplicativo dirigindo, em Campo Grande (Foto: Arquivo)

Sem pensar duas vezes, o motorista de aplicativo Anthony Souza de Morais, de 32 anos, precisou agir com tranquilidade para prestar ajuda à passageira, de 37 anos, na noite de ontem (20), em Campo Grande. Por volta das 22h, chamado em conveniência na Avenida Bandeirantes, esquina com a Avenida Salgado Filho, por pouco não terminou em tragédia.

Chorando muito, a mulher, que não será identificada, solicitou que o condutor desviasse o trajeto inicial, até sua casa, e que fosse deixada em pontilhão na Avenida Afonso Pena, sobre a Avenida Ceará, no Jardim dos Estados. Mas preocupado com o que aconteceria, o motorista acabou desviando a rotando e levando a passageira até unidade do Corpo de Bombeiros.

“A amiga que solicitou a corrida, para ela ir para casa, na Vila Progresso. Eu tenho mania de ouvir louvor dentro do carro e, logo que eu sai, ela começou a chorar”, explica Anthony.

Anthony é motorista de aplicativo há 10 meses (Foto: Arquivo Pessoal)
Anthony é motorista de aplicativo há 10 meses (Foto: Arquivo Pessoal)

O motorista conta ainda, que mesmo perguntando várias vezes o que aconteceu, a mulher preferiu ficar em silêncio. “Ela queria o tempo todo que eu levasse ela para o viaduto. Falei que não a levaria, ela chegou a perguntar se ela pagasse a mais eu levaria, mas fui conversando, até que entrei no Corpo de Bombeiros da Costa e Silva [a avenida]”, conta.

A reportagem teve acesso a gravação feita por meio do aplicativo de corridas, durante o percurso. No áudio, que não será divulgado, é possível ouvir os pedidos para que o condutor fosse até o viaduto próximo ao shopping da Avenida Afonso Pena. “Ela queria tirar a vida dela de qualquer jeito”, lembra Anthony.

Mesmo após a chegada ao quartel do Corpo de Bombeiros, a mulher solicitava ao motorista para que não fosse deixada ali, “Os bombeiros sentaram ela e ficaram conversando até ficar mais calma”, conta o motorista.

À reportagem, o trabalhador conta ainda ter agido com tranquilidade, com objetivo de passar segurança a mulher.

“Tenho pedido muita paciência e sabedoria a Deus, não desesperei na hora. Estava no dinâmico o preço da corrida, de repente, se ela pega um motorista que não está nem aí, teria deixado ela lá. Deus me livre se acontece o pior”, destaca.

Dias de luta – Anthony revelou ainda, que a todo momento pensava na mãe, Rosaney Nepomuceno de Souza Ronchi, de 60 anos, que há 56 dias luta pela vida após internação por complicações provocadas pela covid-19.

“Ela está no Hospital Regional aguardando transferência para o São Julião, onde deve dar início a recuperação, inclusive com fisioterapia. Mas foram dias difíceis, passou 23 dias intubada,  fez traqueostomia e  acabou desenvolvendo uma infecção hospitalar. Só na última semana que ela tem apresentado melhora”, revela o motorista, que afirma ter se apegado a Deus, nos últimos dias e que, inclusive, antes de ser acionado para a corrida de ontem a noite, havia acabado de deixar encontro religioso, na casa de um amigo.

Ajuda - Em Campo Grande, o Grupo Amor Vida (GAV) presta um serviço gratuito de apoio emocional a pessoas em crise através dos telefones (67) 3383-4112, (67) 99266-6560 (Claro) e (67) 99644-4141 (Vivo), todos sem identificador de chamadas. Ligue sempre que precisar!

Horário de funcionamento das 07:00 às 23:00, inclusive sábados, domingos e feriados. Informações também pelo site (clique aqui).

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