Pecuarista é suspeito de "investir" R$ 1 milhão no tráfico
Milton Moro Rabesquine, de 43 anos, que também é médico veterinário, era vigiado pelo Gaeco
Alvo “de última hora” do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), pecuarista de 43 anos foi um dos presos, na semana passada, por suspeita de envolvimento com organização criminosa dedicada a traficar drogas e armas a partir de Mato Grosso do Sul para outros estados brasileiros.
Em março, quando foi deflagrada a primeira fase da Operação Traquetos, mandado de busca e apreensão foi cumprido na casa de Milton Moro Rabesquine, que também é médico veterinário. Desta vez, ele foi um dos sete alvos de mandados de prisão preventivas (por tempo indeterminado).
A mira do Gaeco foi parar em Rabesquine durante campana de investigadores em frente à oficina mecânica na Avenida Guaicurus que pertence a um dos líderes do esquema, segundo a investigação. No local, Florisvaldo Gaspari Favareto, mais conhecido como “Gaspar”, foi visto com uma Dodge Ram 2500 Laramie, “veículo de altíssimo valor comercial (em torno de R$ 500.000,00)”, conforme relatório do grupo especial.
O investigadores ainda detectaram no sistema do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul) um registro de intenção de venda da caminhonete para Gaspar, datado de 19 de agosto de 2022, e como a equipe monitorava a movimentação dos automóveis que chegavam e saíam da oficina, porque desconfiavam que o estabelecimento era usado para preparar os veículos para o transporte de drogas, pouco tempo depois, constataram que a mesma Dodge Ram estava estacionada na casa do veterinário, no Residencial Damha 2.
A residência no condomínio de luxo também passou a ser vigiada e então, outro veículo suspeito foi fotografado no local. “Neste mesmo imóvel, havia outro veículo de alto valor comercial, Land Rover Discovery Sport HSE, vermelha, que possuía comunicação de venda, datada de 01/12/2022, para a pessoa de Iuri Gomes Oliveira Ramires, o qual possui passagens anteriores, inclusive uma prisão em flagrante por tráfico de drogas”, relataram os investigadores para pedir à Justiça o mandado de busca e apreensão.
Mais algum tempo depois, segundo o Gaeco, um terceiro carro ligado à quadrilha que era monitorada chegou à casa de Rabesquine. A Toyota Hilux está registrada no nome de suspeita de integrar o bando, trabalhando na lavagem de capitais.
Em janeiro deste ano, o Gaeco já havia pedido ordens de prisão e busca para desencadear a operação contra 18 alvos, inicialmente, quando no dia 16 de fevereiro, aconteceu o último flagrante. Os promotores foram à Justiça, então, fazer pedido complementar e em 28 de fevereiro, a juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna, da 4ª Vara Criminal, autorizou que o veterinário tivesse a casa vasculhada.
A ordem de prisão foi expedida, em agosto, pelo juiz Waldir Peixoto Barbosa, da 5ª Vara Criminal de Campo Grande.
Investimento de alto risco – Para o Gaeco, Rabesquine não se envolvia diretamente na compra e venda de entorpecentes, mas era uma espécie de investidor. Conforme as apurações, dono de “expressivo patrimônio”, o pecuarista decidiu investir mais de R$ 1 milhão na “atividade que lhe remunerava com muito mais rentabilidade do que as aplicações financeiras de mercado”.
“Na condição de financiador, Milton Moro Rabesquine não tinha nenhum contato com a droga, mas como garantia de seu investimento passou a reter veículos em sua residência, localizado em um condomínio de alto padrão desta Capital”, diz o Gaeco no pedido de prisão.
Notas promissórias assinadas por outro integrante da quadrilha, que foram encontradas na casa do alvo em março, também seriam prova de que o veterinário decidiu fazer “o investimento”. Além disso, de acordo com a investigação, o aluguel de um imóvel que pertence a Rabesquine seria negócio de “fachada” para justificar pagamentos feitos por traficantes ao investigado.
Denúncia - Além de Gaspar, outros dois homens, identificados como Maicon Igo Barbosa Moreira, o “Gordinho”, e Wellington Aquino Braga, o “Tom”, também foram apontados como lideranças no esquema. Eram os responsáveis pela aquisição e transporte da droga "desde a compra do entorpecente com fornecedores, preparação dos veículos para o transporte e a venda".
Após quase dois anos de trabalho, o Gaeco denunciou 25 pessoas por integrarem a organização criminosa que atuava de forma ordenada, contando com grande rede de batedores e pontos de apoio em Anastácio, Aquidauana e Campo Grande, para comprar drogas em Bela Vista e Ponta Porã e enviar para a Bahia, Goiás e São Paulo, dentre outros estados.
Milton Rabesquine foi denunciado por integrar a organização criminosa (art. 2.º, caput, da Lei n.º 12.850/13) e por financiar o tráfico (art. 36 da Lei nº 11.343/06).
O nome da operação faz alusão à “cultura traqueta” dos cartéis de drogas de Medellín e Cali, na Colômbia, onde narcotraficantes “à moda antiga” são conhecidos como “traquetos”.
Outro lado - Milton Moro Rabesquine continua preso. A defesa protocolou nesta terça-feira (29) pedido de liberdade e aguarda análise do juízo. O advogado de São Paulo, Augusto Cesar Mendes Araújo, que representa o pecuarista, foi contatado pela reportagem e informou que se manifestará por meio de nota. A reportagem aguarda o retorno.
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