ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
DEZEMBRO, QUINTA  26    CAMPO GRANDE 25º

Capital

Pedido do MP pode anular decisões sobre reajuste da tarifa de ônibus

Diretor da Agência de Regulação aponta que é preciso esperar decisão sobre pedido de procurador

Por Maristela Brunetto e Caroline Maldonado | 04/03/2024 12:35
Agência de Regulação deve esperar decisão sobre pedido do MP em ação que discute reajuste de ônibus (Foto: Arquivo)
Agência de Regulação deve esperar decisão sobre pedido do MP em ação que discute reajuste de ônibus (Foto: Arquivo)

O procurador de Justiça Aroldo José de Lima ingressou na briga judicial que envolve a Prefeitura de Campo Grande e o Consórcio Guaicurus e pediu que sejam anuladas as decisões proferidas até agora, apontando que por se tratar de um tema de interesse coletivo, a mobilidade urbana, a instituição tinha que ter sido chamada a participar da discussão jurídica sobre a possibilidade de aplicação de reajuste da tarifa, como reivindicam as empresas, já com decisões favoráveis.

O pedido foi apresentado na semana passada dentro de um agravo de instrumento que reafirmou o direito das empresas em ter as passagens reajustadas de R$ 4,65 para R$ 4,80. O reajuste se tornou uma novela porque a Administração Municipal e as empresas divergem sobre o momento do aumento- março ou outubro- e a questão acabou judicializada.

Esta manhã, o titular da Agereg (Diretor-Presidente da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos), Odilon de Oliveira Júnior, sustentou que a Prefeitura não estaria em falta ao não aplicar o reajuste pretendido, uma vez que o pedido do Ministério Público, se aceito pelo Judiciário, pode interferir no que já se decidiu até agora.

O pedido do procurador foi incluído no recurso relatado pelo desembargador Eduardo Rocha, que primeiro suspendeu o reajuste, promoveu uma audiência para tentar conciliar empresas e Município, mas depois determinou que deveria prevalecer liminar proferida na 4ª Vara de Fazenda Pública, que reconhecia o direto ao reajuste anual em outubro e à revisão contratual a cada sete anos, conforme prevê o contrato de concessão.

Odilon afirmou que há diálogo com o Consórcio, mas que os dois lados seguem teses jurídicas divergentes, cada um defendendo prazo diferente de reajuste. Como prevaleceu na Justiça a alegação das empresas, a cidade se viu na iminência de ter o reajuste retroativo a outubro, outro em março e ainda a possibilidade de uma revisão contratual com novo aumento.

O diretor sustentou que o desafio é manter a lógica da modicidade da tarifa, para evitar onerar o consumidor. A própria prefeitura Adriane Lopes (PP) falou sobre o assunto essa manhã, mas disse que nos próximos dias poderia haver uma definição, o que parece distante, uma vez que a Agereg considera essencial esperar a definição do TJ sobre o pedido do MPMS (Ministério Público) para que seja integrado ao processo e que atos decisórios fiquem suspensos, diante do risco de serem anulados pelo fato de um representante da instituição não ter participado dos debates em juízo.

Para Odilon, é preciso esperar o desfecho sobre o tema, porque pode haver modulação do que já foi decidido em favor das empresas. Ele considerou positivo o pedido do MP, por ser órgão “importantíssimo” para esse debate, do qual sempre participou.

Risco do negócio – Odilon teceu críticas às argumentações das empresas, apontando que elas pretendem que a Administração pague pelo risco do negócio. Questionou sobre a razoabilidade de repassar valores às empresas nas alegações de prejuízos, que deixariam de estar na educação, na saúde.

Disse que o Consórcio “mete o boi na frente das carroças” e mencionou que houve grandes avanços, como a busca por subsídio do Governo Estadual, que repassa R$ 10 milhões por ano pela gratuidade do passe do estudante e na esfera municipal também há subsídio. Por outro lado, lembrou de questionamentos sobre a renovação da frota e investimentos em terminais. Recentemente, a própria Prefeitura lançou licitação para melhorias em unidades.

Odilon também falou sobre ideia de fazer uma remodelagem do contrato, tema que surgiu durante debate em uma câmara técnica e acabou chegando ao Tribunal de Contas do Estado. Recentemente, foi publicada decisão abandonando a possibilidade. Segundo ele, para que isso ocorresse, envolveria a realização de uma nova concessão do transporte coletivo. “Foi a melhor das intenções, mas o tempo provou que não era interessante.”

Hoje, a Prefeitura tem decisão de primeiro grau, reafirmada no TJ e no STJ (Superior Tribunal de Justiça), determinando a aplicação de reajuste e discussão da revisão contratual periódica. Em primeiro grau, em uma das manifestações, ela apontou à Justiça que o reajuste anual acrescentaria R$ 4,5 milhões à arrecadação das empresas, enquanto a aplicação da revisão contratual geraria R$ 63 milhões ao faturamento.

Nos siga no Google Notícias