"Pedreiro Assassino" começa a ser julgado em fevereiro por 7 mortes
Cleber de Souza Carvalho foi mandado a júri popular pelo titular da 2ª Vara do Tribunal do Júri nesta sexta
Identificado em 2020 como o serial killer que matou sete homens a pauladas e enterrou os corpos, Cleber de Souza Carvalho, de 44 anos, vai ser levado a júri em fevereiro de 2021 pelo assassinato que levou à descoberta dos crimes, o do comerciante José Leonel Ferreira dos Santos, 61 anos. Santos foi achado debaixo de cova rasa na casa dele, na Vila Nasser, no dia 7 de maio. Uma semana depois, em 15 de maio, Cleber foi preso, junto com a mulher e a filha, quando os outros seis assassinatos vieram à tona.
Ele matava, conforme a investigação da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios), para ficar com bens das vítimas, de veículos a imóveis.
Em sentença desta sexta-feira (18), o juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, manteve o entendimento da acusação contra o “Pedreiro Assassino” e a mulher dele, Roselaine Tavares, 41 anos, repassando ao conselho de sentença decidir se são ou não culpados por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.
No despacho, o magistrado manteve a prisão de Roselaine, ao avaliar pedido de liberdade feito pela defesa, sob alegação de não haver mais motivos para manter a mulher encarcerada. Ela está em presídio de Corumbá, a 422 quilômetros de Campo Grande.
Os advogados de Cleber e Roselaine afirmam não haver provas da participação dela na morte. Dizem que o telefone dela ficou à disposição das autoridades e nada foi encontrado.
Para o promotor Wilson Canci, com base nas investigações da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicidios), ela orquestrou o crime junto com o marido.
Roselaine ajudava na parte de contato com homens sozinhos com familiares distantes, havendo uma aproximação para ganhar a confiança", diz a sentença, em alusão a depoimento de testemunha de acusação.
Quanto a Cleber, réu confesso, a defesa questiona as qualificadoras de motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima. Alega que o serial killer agiu em legítima defesa, depois de desentendimento com o comerciante morto.
Diante das evidencias materiais de autoria do crime, o magistrado afirma que todas essas vertentes, devem ser levadas à apreciação do júri, formado por sete pessoas. O juiz cita ainda que o fato de ser um idoso torna o crime mais grave segundo a lei.
Aluízo Pereira dos Santos deferiu pedido da representação legal de Cleber e Roselaine para realização de perícia em fio de cabelo encontrado na casa, para saber se é de José Leonel Ferreira dos Santos. Com esse exame, a intenção apresentada pelos defensores é questionar um detalhe da investigação.
É que está descrito que o “Pedreiro Assassino” matou a vítima com pancadas de barra de ferro, informação contestada pela defesa, segundo a qual foi achado pedaço de madeira no imóvel onde ocorreu o crime e essa é a arma usada.
Esse exame será feito e o resultado anexado ao processo, também para apreciação do conselho de sentença.
A previsão no despacho do magistrado é de júri em fevereiro de 2021. O cumprimento desse prazo vai depender da análise de recursos contra a decisão, já previstos.
Processo em separado – Conforme as investigações, Cleber teve a ajuda da filha, Yasmin Natasha Gonçalves Carvalho, de 19 anos, para concretizar o assassinato.
Pai e filha, segundo o inquérito policial, invadiram durante a madrugada do dia 2 de maio a casa onde a vítima morava sozinha, aos fundos de um comércio. Cleber matou José Leonel com golpes de barra de ferro.
Depois, a família se mudou para o lugar e chegou a receber visita de familiares, como se fosse dona do imóvel.
Yasmim ficou presa até setembro, quando durante audiência do caso, o magistrado deferiu pedido para responder em prisão domiciliar e decidiu desmembrar a ação quanto a ela.
O magistrado fez isso em razão de investigação judicial em andamento a cerca da capacidade mental de Yasmim de entender o que fez. Para a defesa, ela é incapaz, por apresentar grave retardo. Já foi feito laudo sobre isso, com entendimento contrário, porém houve solicitação de novo exame, acatada pelo juiz.
Esse resultado ainda não saiu.
O “Pedreiro Assassino” é réu por outro assassinado confessado, o de Timóteo Pontes Roman, encontrado no dia 16 de maio no poço da casa dele na Vila Planalto. Nesse caso, a ação está na fase de ouvir testemunhas, com a próxima audiência em fevereiro de 2021.
Os outros cinco assassinatos confessados pelo serial killer ainda não tiveram os inquéritos concluídos pela Delegacia de Homicídios.