Plano de reestruturação da Santa Casa prevê demissão em massa
Prognóstico da consultoria Falconi mostra que a intenção até dezembro deste ano era enxugar 615 funcionários
Plano de reestruturação da Santa Casa de Campo Grande prevê demissão em massa de funcionários para economia de até R$ 4 milhões ao mês no pagamento de salários. Prognóstico feito pela consultoria Falconi mostra que a intenção até setembro deste ano era enxugar 303 pessoas, chegando a 615 até dezembro.
O impasse para tal é o valor das rescisões, que chegaria a R$ 15 milhões, valor necessário para ser ter em caixa e honrar as demissões conforme as leis trabalhistas. A reportagem entrou em contato com o hospital para saber quantas baixas ocorreram no período e se foi possível seguir o plano, mas não obteve resposta até o fechamento deste material.
O Plano de Reestruturação foi elaborado em julho deste ano e previa redução de 615 funcionários, saindo de 3.615, entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e outras áreas da saúde, além de trabalhadores dos setores administrativos. A intenção, no entanto, é chegar a um quadro de pessoal semelhante ao encontrado em 2017, quando o hospital atuava com cerca de 2,8 mil empregados.
“Revisão das estruturas. Eliminação de todas funções com baixa/nenhuma relação com a prestação de saúde. Redimensionamento de equipes de trabalho para mínimo quantitativo necessário (Enfermagem, Apoio e Administrativo)”, orienta a consultoria em trecho do relatório como forma de cortar gastos.
Outros cortes aconselhados são na revisão de compra de materiais e medicamentos, com avaliação de desperdícios e descontroles, bem como a redução da estrutura física para diminuição de gastos de energia, água, limpeza e ainda, “suspensão de todos os serviços de terceiros que não tenham relação com a prestação de saúde ou mitiguem riscos ao negócio”.
A previsão em setembro era da demissão de 124 funcionários da área administrativa; 110 do grupo de apoio; 30 de farmácia e 39 da área de fisioterapia.
Tal reestruturação leva em conta as dificuldades financeiras do hospital, que em média, tem um déficit mensal de R$ 10 milhões. Em maio deste ano, conforme detalhado pela Falconi, chegava a total de R$ 385 milhões. Valor que soma empréstimos bancários, impostos e fornecedores não pagos, além de dívidas trabalhistas.
Pandemia – A consultoria analisou também a atuação do hospital durante a pandemia do novo coronavírus, período em que a unidade hospitalar precisou incrementar o quadro de pessoal para dar conta da demanda. Também houve aumento de gastos, principalmente diante do encarecimento no valor dos insumos e produtos médicos necessários.
Os repasses do SUS (Sistema Único de Saúde) à Santa Casa são de R$ 286,4 milhões ao ano, chegando à R$ 23,8 milhões ao mês. Parte desse dinheiro, R$ 232,4 milhões são de recursos fixos e o restante, de valores que variam conforme a produção.