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Capital

PMA preso por feminicídio é condenado por agredir colega que o xingou de corno

Após discussão durante partida de futebol, policial ambiental agrediu cabo da PM a vassouradas

Anahi Zurutuza | 01/09/2021 19:42
Lúcio Roberto Queiroz Silva, de 38 anos, é réu por matar a mulher e um corretor de imóveis. (Foto: Facebook/Reprodução)
Lúcio Roberto Queiroz Silva, de 38 anos, é réu por matar a mulher e um corretor de imóveis. (Foto: Facebook/Reprodução)

Interno no Presídio Militar Estadual, no Complexo Penal de Campo Grande, desde outubro de 2019, o policial militar ambiental Lúcio Roberto Queiroz Silva, de 38 anos, foi condenado por agredir a vassouradas Rafael Leguiça Flores, 31, cabo da PM, que também estava preso por responder a processos por corrupção.

A briga entre os dois militares aconteceu durante partida de futebol, no início da noite do dia 11 de outubro do ano passado. Nos depoimentos prestados, os dois divergem sobre o estopim das agressões.

Lúcio diz que foi provocado durante todo o jogo e, no fim, quando passou pelo portão, foi chamado de “corno” por várias vezes. “O Rafael começou a fazer falta sem bola, sabe? E a brigar por lances bobos e a gente discutiu na quadra e acabou nisso aí mesmo”, admitiu no interrogatório conduzido pelo juiz Alexandre Antunes da Silva, da Vara de Auditoria Militar.

Ainda conforme narrou o agressor, a briga começou e eles foram separados pelos outros internos. Ele alega que continuou sendo provocado e, por isso, “perdeu a cabeça”. “Eu fui pra chutar ele, ele jogou a mesa, tinha a vassoura, eu peguei e bati por cima da mesa com a vassoura, foi isso que aconteceu e já separaram, Excelência”, relatou ao magistrado.

Já Rafael Flores afirma que a briga começou durante a “pelada”, mas que foi surpreendido pelas agressões. Ele não confirma ter xingado o PMA de “corno”. “A gente tava jogando futebol aqui na quadra do PME e durante o jogo, coisa de futebol, a gente acabou tendo um atrito, uma discussão, mas coisa de futebol, coisa de jogo”, disse.

O cabo relata que deixou Lúcio sair na frente, porque percebeu que ele estava exaltado, mas o agressor voltou em direção a ele. “De repente, ele me surpreendeu vindo com um cabo de vassoura, tentando me agredir, eu desviei do primeiro golpe, depois, com o uso de uma mesa plástica, eu me defendi, aí depois a mesa caiu, eu defendi o outro golpe com as minhas mãos e depois, eu fiquei encurralado na parede e tomei um golpe na cabeça e caí sentado no chão”.

Ainda conforme narra a denúncia, atordoado, Rafael caiu, tonto e com visão turva. Ele foi socorrido e levado ao Hospital da Cassems, sendo submetido a tomografia e medicado.

Rafael Flores precisou de pontos na cabeça. (Foto: Reprodução do Processo)
Rafael Flores precisou de pontos na cabeça. (Foto: Reprodução do Processo)

Processo - Lúcio foi processado por lesão corporal e ameaça – pois teria dito que mataria o rival –, mas condenado apenas pelo primeiro crime, mesmo a defesa dele pedindo a absolvição pelo fato do cliente ser diagnosticado com transtorno bipolar.

O juiz entendeu que não há provas da suposta jura de morte, mas sentenciou o PMA a 3 meses de detenção pelas agressões. O cumprimento da pena poderia ser em regime aberto, se Lúcio já não estivesse preso por outro motivo.

Regianni foi morta a tiros na casa dos sogros, enquanto descansava no sofá. (Foto: Divulgação)
Regianni foi morta a tiros na casa dos sogros, enquanto descansava no sofá. (Foto: Divulgação)

Ficha criminal – No dia 5 de outubro de 2019, o policial militar ambiental Lúcio Roberto Queiroz Silva matou a tiros, a esposa Regianni Rodrigues Araújo, 32 anos, e o corretor de imóveis Fernando Enrique Freitas, 31 anos.

Os crimes aconteceram na frente de familiares das vítimas. O policial e Regianni foram casados por 12 anos. O militar acreditava que a esposa o estava traindo.

Rafael Flores foi condenado por peculato e falsidade ideológica, após ter sido alvo da Operação Trunk, em 2019. Conforme a acusação, o cabo se apropriou de materiais eletrônicos, contrabandeados do Paraguai e que foram apreendidos durante fiscalização. Ele foi investigado por facilitar o contrabando de cigarros paraguaios.

Mais recentemente, em maio do ano passado, o PM foi alvo da Operação Piromania, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado). Ele e outros quatro policiais foram acusados de aceitar propina para liberarem de abordagem integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital), que ostentavam fotos queimando dinheiro. Dupla teria passado pela equipe da qual Rafael fazia parte com meia tonelada de maconha.

O cabo, contudo, foi absolvido destas acusações por falta de provas. O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) recorreu em busca da condenação.

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