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Capital

Polícia Civil conclui que 'Coreia' matou empresário intencionalmente

Ricardo Moon foi indiciado por homicídio doloso (quando há a intenção) de Adriano Nascimento e dupla tentativa de assassinato das testemunhas; MPE tem 15 dias para remeter denúncia à Justiça

Rafael Ribeiro e Viviane Oliveira | 17/01/2017 08:59
'Coreia' no dia do ocorrido: depois de liberdade provisória cassada, PRF voltou a ser indiciado (Foto: Simão Nogueira/Arquivo)
'Coreia' no dia do ocorrido: depois de liberdade provisória cassada, PRF voltou a ser indiciado (Foto: Simão Nogueira/Arquivo)
Delegados em entrevista coletiva sobre o caso na Academia da Polícia Civil (Foto: Fernando Antunes)
Delegados em entrevista coletiva sobre o caso na Academia da Polícia Civil (Foto: Fernando Antunes)

O policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, 47 anos, foi indiciado por homicídio doloso (quando há intenção de matar) pela Polícia Civil de Campo Grande após a conclusão do inquérito que investigava o assassinato a tiros do empresário Adriano Correia do Nascimento, 33, em suposta briga de trânsito ocorrida no último dia 31 de dezembro, na avenida Ernesto Geisel, na região central. O anúncio foi feito na manhã desta terça-feira (17).

Falaram nesta manhã sobre o caso a delegada Daniella Kades, responsável pela apuração, acompanhada do delegado geral Marcelo Vargas, do titular do 1º DP (Centro), Fabiano Nagata, e de Enilton Zalla e João Eduardo Davanço, que atenderam a ocorrência no dia e chegaram a indiciar e prender em flagrante 'Coreia' na ocasião (a Justiça concederia o direito à liberdade provisória horas depois).

Moon, conhecido como ‘Coreia’ entre os amigos policiais, responderá ainda pelas duas tentativas de homicídios dos amigos de Nascimento que o acompanhavam no dia.

O inquérito, com um total de 531 páginas, já foi encaminhado ao Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul, que tem 15 dias para formalizar a denúncia contra o PRF à Justiça. O órgão ainda não se manifestou sobre o assunto.

Segundo os delegados, um total de 20 pessoas foram ouvidas na investigação do caso.


O advogado de ‘Coreia’, Renê Siuf, disse ao Campo Grande News que ainda não teria tido acesso à acusação formal da Polícia Civil, que está em São Paulo (SP) e se integraria sobre o caso apenas na próxima quinta-feira (19).


O Caso – Moon permanecerá na carceragem na sede do Garras (Delegacia Especializada e Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros), onde está preso desde o último dia 5, quando a Justiça voltou a trás de sua própria decisão inicial de conceder liberdade provisória ao acusado no dia ocorrido e acatou o pedido de prisão preventiva feito pelo MPE.


O ato virou motivo de discórdia entre a Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso do Sul e a Justiça, com troca de desabafos por meio de notas oficiais das associações correspondentes.


Conforme foi recapitulado pela perícia em reconstituição realizada no último dia 11, Ricardo Hyun Su Moon conduzia sua Mitsubishi Pajero prata naquela manhã em sentido à rodoviária, onde embarcaria para Corumbá (a 419 km de Campo Grande), seu posto de trabalho na PRF. Após uma suposta briga de trânsito, ele atirou sete vezes contra a Hilux branca do empresário.


Nascimento, dono de dois restaurantes japoneses na cidade, morreu na hora, perdeu o controle do veículo e bateu em um poste. Um jovem de 17 anos que o acompanha foi baleado nas pernas. Outro acompanhante no veículo, um supervisor comercial, de 48, quebrou o braço esquerdo e sofreu escoriações com a batida. Ambos foram socorridos conscientes.


O policial ficou no local do crime e chegou até a discutir com uma das vítimas, mas não foi preso na ocasião, mesmo com a presença da PM. Posteriormente, ele acabou sendo indiciado em flagrante ao comparecer na delegacia com um advogado e representante da PRF.


Em seu depoimento, Moon disse que agiu em legítima defesa. Afirmou que as vítimas não o obedeceram mesmo após ele se identificar como policial, que tentaram lhe atropelar ao fugir dele e que viu um objeto escuro que poderia ser uma arma na mão de uma das vítimas. Repetiu a alegação durante a reconstituição e foi confrontado pelas duas testemunhas sobreviventes.


Atendendo pedido também feito pelo MPE, a Corregedoria da Polícia Militar e a Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) abriram inquérito para investigar se houve favorecimento a ‘Coreia’ por parte dos PMs que atenderam a ocorrência. A Corporação não se manifesta sobre o assunto.

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