Posto de Saúde usa papelão para “engessar” trabalhador acidentado
Paciente reclama da falta de estrutura da saúde pública
Ferido em acidente de trabalho, ocorrido esta manhã, José Rodrigues, 38 anos, se surpreendeu ao ter o braço imobilizado por papelão. No lugar de talas, feita de gesso, profissionais do Posto de Saúde da Vila Almeida de Campo Grande usaram papelão e faixas.
O método revoltou José Rodrigues e ele comenta que nem sabia que este seria só o primeiro problema que iria enfrentar. José sofreu acidente às 8h30, quando entrava na cabine de um caminhão, no macroanel rodoviário, na saída para São Paulo.
O trabalhador caiu no chão e fraturou o pulso. Os próprios colegas de trabalho encaminharam José ao posto de saúde.
A equipe apontou a necessidade de atendimento de um ortopedista e José recebeu encaminhamento ao CEM (Centro de Especialidades Médicas).
Para chegar ao local ele usou novamente o veículo do amigo. “Não tinha ambulância”, afirma.
Com o papelão no braço ele foi ao CEM, de onde teve de seguir para o Hospital Universitário, novamente no carro do amigo.
Passadas sete horas do acidente de trabalho, José Rodrigues aguarda ser submetido a exames.
“Estou aqui num banco esperando para ver se vão me internar”, reclama.
Ele conta que o hospital está lotado e não sabe nem sequer se será operado.
“A família da gente fica preocupada porque quanto mais tempo demora pior fica”, diz.
Comum - Profissional do Posto de Saúde da Vila Almeida, que terá o nome preservado, explica que o procedimento é comum.
Talas especificas para o tratamento são usadas em pacientes que ficarão no posto e, quando se trata de imobilização provisória, até atendimento de ortopedista, o papelão é utilizado sem o comprometimento do resultado.
“Acho que os nossos representantes tinham que ver melhor isso. Eu tenho 16 anos de profissão e nunca precisei de serviço de saúde. Agora que preciso passo por isso”, disse.